O papel das Organizações Internacionais na conceção e difusão de uma nova gramática educacional: as competências socioemocionais na infância

Abstract

As competências socioemocionais, enquanto características de índole mental, emocional e comportamental, passíveis de serem estimuladas no indivíduo, proporcionando resultados em várias áreas da sua vida, têm assumido um papel de protagonismo no panorama educativo, particularmente no que respeita aos processos de aprendizagem. O desenvolvimento das neurociências tem sido preponderante para o impacto, a prazo, produzido por estas competências na vida do ser humano e na criação de políticas educativas e programas de intervenção. Direcionadas para uma ideia de progresso e bem-estar sociais, as Organizações Internacionais com maior destaque neste contexto (PNUD, a UNESCO, a OCDE e o BM), têm utilizado a sua autoridade e legitimidade científica para apresentar propostas e modelos de ação, passíveis de serem aplicados e adotados pelos diversos sistemas educativos nacionais. Nesse sentido, este estudo analisa o discurso destas Organizações na conceção e difusão de modelos de ação para o desenvolvimento das competências socioemocionais, através da educação, durante a infância. Por via de uma análise de conteúdo, organizada em duas fases, foram estudados oito documentos produzidos por estes organismos, selecionados pela sua relevância no âmbito da difusão destas competências. Com o objetivo de refletir sobre as origens e fundamentos inerentes as estas propostas, o seu desenho estrutural e os seus mecanismos de regulação subjacentes, aferimos o seguinte: compreendemos que há uma efetiva resposta à ideia de desenvolvimento, não só pela construção de objetivos em prol de problemáticas elencadas, mas também pela complementaridade manifesta entre objetivos pró desenvolvimento humano e pró desenvolvimento económico; compreendemos, também, que há convergência, no que respeita à distribuição do conteúdo dos modelos de difusão de competências, entre organizações; verificou-se, de igual forma, que parece haver uma tendência para uma evolução do entendimento destas competências, de acordo com as transformações sociais, abrindo caminho para o que podemos denominar nova gramática educacional.

Socioemotional skills, such as mental, emotional and behavioral characteristics, which can be stimulated in the individual, providing results in different areas of his life, have assumed a leading role in the educational panorama, particularly with regard to learning processes. The development of neurosciences has been preponderant for the impact, in the long term, produced by these skills in the life of the human being and in the creation of educational policies and intervention programs. Directed towards an idea of progress and social well-being, the most prominent International Organizations in this context (UNDP, UNESCO, OECD and WB) have used their authority and scientific legitimacy to present proposals and action models, capable to be applied and adopted by the different national educational systems. Therefore, this study analyzes the speech of these Organizations in the conception and dissemination of action models for the development of socioemotional skills, through education, during childhood. Through a content analysis, organized in two phases, eight documents produced by these entities were studied and selected for their relevance within the scope of the dissemination of these skills. Aiming to make a reflexion on the origins and fundamental ideas, inherent to these proposals, their structure and their underlying regulation mechanisms, we assess the following: we could understand that there is an effective response to the idea of development, not only through the construction of goals in favor of listed issues, but also by the evident complementarity between pro human development and pro economic development goals; we could also understand that there is a convergence, with regard to the distribution of the content, concerning the models of skills diffusion, between organizations; we also verified that there seems to be a trend towards an evolution in the understanding of these skills, according to social changes, making the way for what we can call a new educational grammar.