A importância do domínio da língua portuguesa para a inclusão de refugiados Menores Não Acompanhados, em Portugal

Abstract

Esta investigação explora a importância do domínio da língua portuguesa para a inclusão de refugiados menores não acompanhados em Portugal, sublinhando o papel fundamental das competências linguísticas nesse processo. O estudo adotou uma abordagem de triangulação metodológica, que conciliou em entrevistas semiestruturadas com menores não acompanhados, professores de uma escola na área metropolitana de Lisboa, e tutores/trabalhadores sociais da residência institucional; com análise documental; e com observação direta realizada durante o estágio na residência institucional, bem como ao longo desta investigação. Esta metodologia permitiu uma visão abrangente da relevância da língua portuguesa para a integração social e escolar dos jovens. A análise qualitativa dos dados evidenciou a heterogeneidade das experiências dos jovens: embora todos tenham destacado a língua como um fator crucial para criar laços de amizade e melhorar o desempenho escolar, as suas trajetórias de integração profissional continuam incertas. Além disso, o estudo destaca a importância das atividades lúdicas e dos estágios como complementos ao ensino formal, promovendo uma integração mais fluida. Alguns dos aspetos observados confirmam achados anteriores na literatura, nomeadamente quanto ao papel central da língua para o sucesso escolar e social dos jovens refugiados. Contudo, esta investigação avança ao sublinhar a complexidade da integração emocional e cultural, conforme relatada pelos próprios jovens. A principal contribuição deste estudo reside, assim, na visão integrada que oferece, combinando diferentes perspetivas e realçando que, embora a língua seja uma ponte para a inclusão educacional e social, é necessário reforçar as políticas públicas e estratégias para garantir uma transição eficaz para a vida profissional e social plena.

This research explores the importance of mastering the Portuguese language for the inclusion of unaccompanied minor refugees in Portugal, emphasizing the fundamental role of language skills in this process. The study adopted a methodological triangulation approach, combining semi-structured interviews with unaccompanied minors, teachers from a school in the Lisbon metropolitan area, and tutors/social workers from the institutional residence; documentary analysis; and direct observation carried out during the internship at the institutional residence, as well as throughout this research. This methodology allowed for a comprehensive view of the relevance of the Portuguese language for the social and school integration of young people. The qualitative analysis of the data highlighted the heterogeneity of the young people's experiences: although they all highlighted the language as a crucial factor in creating bonds of friendship and improving school performance, their professional integration trajectories remain uncertain. In addition, the study emphasizes the importance of leisure activities and internships as complements to formal education, promoting a more fluid integration. Some of the aspects observed confirm previous findings in the literature, namely the central role of language in the educational and social success of young refugees. However, this research advances by emphasizing the complexity of emotional and cultural integration, as reported by the young people themselves. The main contribution of this study thus lies in the integrated view it offers, combining different perspectives and emphasizing that while language is a bridge to educational and social inclusion, there is a need to strengthen public policies and strategies to ensure an effective transition to full professional and social life.