PARTICIPAÇÃO ATIVA: IMPACTE DA COVID-19 NOS PROCESSOS COLABORATIVOS

Abstract

A COVID-19 veio provocar uma grande alteração em todas atividades que implicavam contacto direto e presencial entre pessoas e o mesmo aconteceu com os processos de parti-cipação pública. Os processos participativos deixaram de poder funcionar presencialmente, pelo que inevitavelmente tiveram, em alternativa, de se adaptar a metodologias e técnicas virtuais, que já existiam, mas eram de utilização limitada nestes contextos. Com isto assiste-se a um boom de uso dos sistemas online, assegurando a continuidade da participação. Equipas e stakeholders passaram a recorrer a plataformas e meios virtuais. Este estudo visou analisar o impacte da pandemia do vírus SARS-CoV-2 (que no segui-mento da presente dissertação será denominado como pandemia, uma vez que a causa da adaptação dos formatos foi a pandemia e não a existência da doença) nos processos partici-pativos colaborativos que já se encontravam em desenvolvimento procurando identificar boas práticas e tecer recomendações futuras para processos participativos colaborativos. Neste sentido, comparou-se situações de participação pública presencial, online e mista, extraindo lições das potencialidades e dificuldades colocadas dependendo do formato das sessões par-ticipativas. A partir do levantamento de literatura, delinearam-se e conduziram-se questioná-rios e entrevistas a participantes e organizadores de três projetos de cariz ambiental, cujos processos participativos colaborativos foram impactados pela pandemia e tiveram de se adap-tar a online. Os resultados obtidos nos questionários demonstraram nomeadamente uma clara pre-ferência por processos de participação mistos- no caso dos participantes- e processos de par-ticipação presenciais- no caso dos organizadores-, justificando-se o primeiro pelas conse-quências positivas da quebra das deslocações, e o segundo pela presença de diálogo informal, maior interação e comunicação não-verbal. As entrevistas permitiram explorar em detalhe e compreender melhor as preferências dos entrevistados. Pelas entrevistas, o impacte reflete-se na ausência de participação de sta-keholders por falta de acessibilidade às tecnologias e iliteracia tecnológica, na ausência de momentos de networking fulcrais para a criação de redes e parcerias. A equipa reportou a facilidade de organizar uma sessão de participação online comparada com as presenciais, embora considere que a ausência da interação presencial restringe as dinâmicas construtivas so-ciais que enriquecem estes processos. Com a ajuda dos questionários e entrevistas, foi possível desenvolver estratégias com recurso às matrizes SWOT e TOWS e criar uma lista de recomendações e boas práticas para processos de participação futuros.

COVID-19 caused a major change in all activities that involved direct, face-to-face con-tact between people and the same happened with public participation processes. Participatory processes can no longer operate in a face-to-face setting, so they inevitably had to adapt to virtual methodologies and techniques already existed but were of limited use in these contexts. This led to a boom in the use of online systems, ensuring the continuity of participation. Teams and stakeholders have started to use virtual platforms and means. This study aimed to analyze the Impact of the SARS-CoV-2 pandemic (it will be referred to the pandemic in this dissertation) on collaborative participatory processes that were already under development, seeking to identify good practices and make future recommendations for collaborative participatory processes. In this sense, face-to-face, online, and mixed public par-ticipation situations were compared, drawing lessons from the potentialities and difficulties posed depending on the format of the participatory sessions. From the literature survey, ques-tionnaires and interviews were designed and conducted with participants and organizers of three environmental projects, whose collaborative participatory processes were impacted by the pandemic and had to adapt to online. The results obtained in the questionnaires showed a clear preference for mixed partici-pation processes -in the case of participants- and face-to-face participation processes -in the case of organizers-, the first being justified by the positive consequences of the decrease in travel, and the second by the presence of informal dialogue, greater interaction, and non-verbal communication. The Interviews made It possible to explore in detail and better understand the prefer-ences of the interviewees. From the interviews, the impact is reflected in the lack of participa-tion of stakeholders due to lack of accessibility to technologies and technological illiteracy, the absence of networking moments is essential for the creation of networks and partnerships. The team reported the ease of organizing an online participation session compared to face-to-face ones, although it considers that the absence of face-to-face interaction restricts the social constructive dynamics that enrich these processes. With the support of the questionnaires and interviews, it was possible to develop strat-egies using the SWOT and TOWS matrices and to create a list of recommendations and good practices for future participation processes.