O absurdo na Arte Ocidental: A Angústia Existencial na Época Contemporânea

Abstract

A presente investigação tem dois objectivos. Um primeiro, de carácter diacrónico, que pretende identificar, caracterizar e compreender (com exemplos de particular relevo) algumas práticas artísticas a partir do século XX assentes na problemática das relações entre a Arte e o Absurdo existencialista, de modo a evidenciar o fio condutor que tem permanecido entre ambos até aos dias de hoje; absurdo que expressa a complexidade do Homem, a sua libertação das exigências da lógica e da razão, num momento histórico caótico pleno de contradições. Um segundo objectivo é o de perceber o rasto deixado por esta intercepção na cultura contemporânea da sociedade global, emancipada que foi pelo carácter visionário das vanguardas. Trata-se de averiguar a partir de uma nova leitura que alarga as abordagens convencionais sobre o tema, no contexto português e internacional, se as obras desses artistas que estreitaram ligações com o absurdo ligando-o à contingência do ser-humano, à impotência da razão, à alienação, à solidão, ao nada e à finitude, “contaminaram” a produção artística e cultural da actualidade e em caso afirmativo, em que termos, ou seja, se presentemente o absurdo não está centrado (ou não está apenas centrado) nessa ligação à condição existencial do Homem, mas tem um novo objeto convolando-se à obra de arte, ela própria, em obra absurda, e de, na ânsia de estetização do je ne sais quoi, promover um mundo sem mundo.

The present research has two objectives. A first one, of a diachronic character, which aims to identify, characterize and understand (with examples of particular importance) some artistic practices from the twentieth century based on the problematic of the relations between Art and the existentialist Absurdity, in order to show the conducting wire that has remained between them to this day; absurdity that expresses the complexity of Man, his liberation from the demands of logic and reason, in a chaotic historical moment full of contradictions. A second objective is to perceive the traces left by this interception in the contemporary culture of the global society, emancipated that was by the visionary character of the vanguards. It is to find out from a new reading that broadens the conventional approaches on the subject, in the Portuguese and international context, if the works of these artists that narrowed links with the absurd linking it to the contingency of being-human, to the impotence of reason, alienation, loneliness, nothingness and finitude, "contaminated" today's artistic and cultural production and, if so, in what terms, if the absurdity is not currently centered (or not just centered) in this connection with the existential condition of Man, but it has a new object convoying itself to the work of art, itself, in absurd work, and, in the desire to aesthetize the je ne sais quoi, to promote a world without a world.