Utilize este identificador para referenciar este registo: http://hdl.handle.net/10362/176370
Título: Conhecimentos, atitudes, práticas e perceções dos profissionais de saúde e da comunidade sobre o manuseio da Febre Aguda e da Malária em Moçambique
Autor: MONTEIRO, Vanessa da Conceição Onofre
Orientador: CRAVEIRO, Isabel
GUDO, Eduardo Samo
Palavras-chave: Saúde pública
Febre aguda
Malária
Moçambique
Data de Defesa: Nov-2024
Resumo: RESUMO Introdução: A doença febril aguda é uma das principais causas de procura de cuidados de saúde na África Subsariana, incluindo Moçambique. Apesar de alguns avanços no Serviço Nacional de Saúde como a introdução do teste de diagnóstico rápido para malária, o manuseio da febre continua a ser um desafio devido à prevalência de doenças como a malária e outras infeções febris emergentes. O objetivo principal do estudo é avaliar os conhecimentos, atitudes, práticas e perceções dos profissionais de saúde e da comunidade em relação ao manuseio da febre aguda e da malária em Moçambique. Material e Métodos: Trata-se de uma pesquisa com abordagem metodológica mista, tendo sido realizados 3 estudos: 1) com Grupos de Discussão Focal (GDF) a membros da comunidade. E entrevistas em profundidade, GDF e inquérito por questionário a profissionais de saúde; 2) recolha de informação acerca do manuseio da febre em livros de registo em 4 unidades sanitárias; 3) análise de dados secundários do Inquérito de Indicadores de Malária 2018 em crianças com histórico de febre. Resultados: Estudo 1- As infeções são a causa mais frequente da etiologia da febre segundo os profissionais de saúde, mas a maioria não fez a classificação biológica dos patógenos envolvidos. No geral, o seu conhecimento sobre doenças febris emergentes era 15,7%, 21,7% e 60,2% para chikungunya, leptospirose e dengue, respetivamente. No entanto, 64,7% desconheciam o tratamento da dengue e nenhum dos profissionais de saúde participantes tinha conhecimento do tratamento para chikungunya. Nos casos de febre, o teste de malária é considerado prioritário, outros exames para o manejo da febre são limitados e dependem da disponibilidade nas unidades sanitárias. Os membros da comunidade têm o costume de se dirigir à unidade sanitária, mas apenas depois de esgotar todas as alternativas associadas aos hábitos socioculturais para tratar a febre. As alternativas mais comuns são o uso de medicamentos tradicionais e a automedicação. As principais barreiras para a procura de cuidados são a distância, o mau atendimento, os hábitos culturais, a falta de medicamentos e o medo da morte. Estudo 2- Foram registados 16 691 casos de febre de janeiro de 2018 a dezembro 2019, 77,8% na Zambézia e 22,2% na Cidade de Maputo, sendo que 70,4% não tinham um diagnóstico etiológico. Foram positivos para malária 29,5%, 0,07% dos casos negativos foram tratados com antimaláricos, e 78,35% foram tratados com antibióticos. Estudo 3- A prevalência da febre foi de 31,0% (IC:27,7 - 34,5). Entre os pacientes febris, 33,7% receberam tratamentos antimaláricos, e 12,7% usaram antibióticos para tratar a febre. A maioria dos pacientes com febre, 69,3%, procurou cuidados de saúde, e 97,0% desses procuraram serviços de saúde públicos. Conclusões: Os resultados desta pesquisa evidenciam uma diminuição nos casos de pacientes febris negativos para malária tratados com antimaláricos e, simultaneamente, revelam um aumento na prescrição de antibióticos. Limitações no conhecimento de outras doenças febris e a falta de meios de diagnóstico comprometem a abordagem adequada da febre. Destaca-se a urgência de um envolvimento da comunidade na resolução dos desafios relacionados com o atraso na procura de cuidados de saúde.
ABSTRACT Background: Acute fever is one of the main reasons for seeking healthcare in Sub-Saharan Africa, including Mozambique. Despite some advances in the National Health Service such as the introduction of rapid diagnostic testing for malaria, managing fever remains a challenge due to the prevalence of diseases such as malaria and other emerging febrile infections. The main objective of the study is to assess the knowledge, attitudes, practices, and perceptions of healthcare professionals and the community regarding the management of acute fever and malaria in Mozambique. Materials and Methods: This is research with a mixed methodological approach, with study 1 having been carried out with discussions in focus groups (GDF) with community members. And in-depth interviews, GDF and questionnaire survey of health professionals; study 2, collecting information about the management of fever in record books in 4 health units; and study 3 in which an analysis of secondary data from the 2018 Malaria Indicator Survey was carried out in children with a history of fever. Results: Study 1 - Infections are the most frequent cause of fever etiology according to healthcare professionals, but the majority did not perform a biological classification of the pathogens involved. Overall, knowledge about emerging febrile diseases was 15,7%, 21,7%, and 60,2% for chikungunya, leptospirosis, and dengue, respectively. However, 64,7% were unaware of dengue treatment, and none of the participants were aware of chikungunya treatment. Malaria testing is a priority in cases of fever, other tests for fever management are limited and depend on availability in health facilities. Communities usually visit health facilities but exhaust all alternatives associated with sociocultural habits to treat fever. Common alternatives include the use of traditional medicines and self-medication. The main barriers to seeking care are distance, poor service, cultural habits, lack of medication, and fear of death. Study 2 - A total of 16,691 fever cases were recorded from January 2018 to December 2019, 77,8% in Zambézia and 22,2% in Maputo City, with 70,4% lacking an etiological diagnosis. Malaria was positive in 29,5% of cases, 0,07% of negative cases were treated with antimalarials, and 78,35% were treated with antibiotics. Study 3 - The prevalence of fever was 31% (CI: 27,7 – 34,5). Among febrile patients, 33,7% received antimalarial treatment, and 12.7% used antibiotics to treat fever. The majority of patients with fever, 69,3%, sought health care, and 97,0% of these sought public health services. Conclusions: This research shows a decrease in cases of febrile patients negative for malaria treated with antimalarials, simultaneously revealing an increase in the prescription of antibiotics. Limitations in knowledge of other febrile illnesses and the lack of diagnostic means compromise the adequate management of fever. The urgency of involving the community in resolving challenges related to delays in seeking healthcare is highlighted.
URI: http://hdl.handle.net/10362/176370
Designação: Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Doenças Tropicais e Saúde Global
Aparece nas colecções:IHMT: SPIB - Teses de Doutoramento

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