Paisagem do Seixal e Identidade: Paisagem de Vivências e Memórias

Abstract

Uma paisagem habitada é contruída mutuamente entre ser humano e natureza. É assim a paisagem do Seixal. A vida quotidiana da população vai moldando a paisagem ao longo do tempo, através de construções que poderão ser intencionais respondendo às necessidades da população de forma a torná-la habitável, ou não intencionais, consequências das ações do dia a dia dessas pessoas que vão marcando e transformando essa paisagem, como por exemplo criando veredas, pela repetida necessidade de deslocação de um sítio para outro. Na paisagem do Seixal estão inscritas as memórias dos tempos e das gerações passadas que a habitaram e transformaram, e que serão herdadas pelas gerações seguintes que estão num constante processo de criação de memória, inscrevendo-a nela e transformando-a. Esta paisagem faz com que as vivências da população sejam únicas e intrinsecamente ligadas ao que as rodeia, o que inclui as profissões que exercem, o trabalho que fazem, as suas tradições e tempos de lazer. As transformações que vão ocorrendo na paisagem vão também alterando a forma de ser e viver da população, provocando alterações culturais tornando as vivências da população únicas e intimamente ligadas à paisagem em que se inserem. Neste ensaio fotográfico reflito acerca da forma como os seres humanos ocupam a paisagem, como elementos humanos e não humanos vivem harmoniosamente na paisagem, e como se moldam mutuamente, a paisagem molda o dia-a-dia da população e a população molda a paisagem à sua medida, como esta paisagem e as suas construções passam de geração em geração e de como as memórias de uma população podem estar inscritas na paisagem que habitam e vivenciam. O Seixal é uma paisagem habitada, vivida, recheada de memórias e experiências, trabalhada, construída e transformada, na qual humanos e natureza vivem em harmonia.