Utilize este identificador para referenciar este registo: http://hdl.handle.net/10362/95282
Título: Um Encontro Possível da Arte na Europa. A Exposição Diálogo de 1985
Autor: Rodrigues, André da Silveira
Orientador: Leal, Joana Cunha
Palavras-chave: Conselho da Europa
Centro de Arte Moderna;
Fundação Calouste Gulbenkian
Políticas culturais europeias
Exposições de Arte do Conselho da Europa
Council of Europe
Calouste Gulbenkian Foundation
Modern Art Centre
René Berger
European cultural policies
Council of Europe's Art Exhibitions
Data de Defesa: 11-Nov-2019
Resumo: A Primeira Exposição-Diálogo sobre Arte Contemporânea na Europa realizou-se em Lisboa, no complexo da Fundação Calouste Gulbenkian, entre 28 de Março e 16 de Junho de 1985. Juntando na sua organização o Conselho da Europa e oito museus sedeados em Estados-membros daquele organismo, esta exposição visava o cumprimento de três objectivos: constituir uma imagem da arte contemporânea na Europa; investigar uma eventual identidade cultural europeia; e perceber o papel dos museus de arte moderna e contemporânea na sedimentação de uma herança cultural europeia comum. O modelo expositivo da Exposição-Diálogo, proposto por René Berger, procurava cumprir estes propósitos através do confronto entre as representações dos museus. Confronto alicerçado na definição de um sistema da arte moderna envolvendo agentes específicos como, entre outros, os artistas, as galerias, as feiras de arte, as bienais ou os museus. Neste sistema caberia ao museu estabelecer um discurso de continuidade entre a arte contemporânea e toda a história da arte, ao mesmo tempo que deveria adquirir e exibir obras já sujeitas ao circuito institucional. O modelo expositivo dependia, por isso, da mediação efectuada pelos vários agentes do campo da arte. A selecção final de obras expostas, bem com as ligações entre estas e os museus resultaria das escolhas já efectuadas ao longo do circuito percorrido pelas peças naquela estrutura. A materialização de um tal modelo no espaço expositivo corresponderia a uma apresentação justaposta da representação de cada museu, tornando visíveis as diversas especificidades locais e o que revelariam de comum. É este modelo que vem a ser alterado para uma exibição aglutinada já durante a organização da Exposição-Diálogo, modificando ainda a ponderação do número de obras por museu. Estas alterações vão dificultar a apreensão dos pressupostos sobre os quais assentara a proposta de René Berger e, segundo o próprio, darão lugar a um projecto totalmente novo. Assim se justifica que parte da recepção internacional desta exposição a tenha classificado como apenas mais uma grande exposição de arte, incapaz além disso de construir uma imagem abrangente da arte contemporânea na Europa, dada a ausência de alguns dos museus europeus mais reconhecidos – crítica que não encontrou exactamente o mesmo eco em Portugal. Incapacidade expositiva que justificaria parte do seu insucesso. Mas também a proposta teórica de R. Berger, nomeadamente a tese acerca de um museu liberto de interferências políticas ou do mercado da arte, motivaria uma crítica feroz à Exposição-Diálogo. Era nessa proposta, no entanto, que residia a legitimação da Exposição-Diálogo do ponto de vista dos organizadores. O questionamento desta legitimação leva a que, nesta tese, se enquadre a exposição no conjunto das políticas culturais do Conselho da Europa e, mais especificamente, no seu programa de Exposições de Arte. Programa do qual a exposição de Lisboa será retirada ainda durante a sua organização, anunciando de certo modo que a Primeira Exposição-Diálogo seria também a última.
The First Exhibition-Dialogue on Contemporary Art in Europe was held in Lisbon, in the Calouste Gulbenkian Foundation, between 28 March and 16 June 1985. It was organized by the Council of Europe together with eight museums from eight member-states of the Council. The exhibition aimed at achieving three objectives: to create an image of contemporary art in Europe; to explore a possible European cultural identity; and to understand the role of modern and contemporary art museums in the consolidation of a European cultural heritage. The exhibition model for the Exhibition-Dialogue, proposed by René Berger, sought to fulfill these purposes through a confrontation between museums. This was based on the definition of a system of modern art that involved specific agents such as artists, galleries, art fairs, biennials or museums, among others. In this system the museum should ensure the continuity between contemporary art and all art history, and at the same time acquire and display works already subjected to the institutional circuit. The exhibition model in question depended therefore on the mediation carried out by the various agents of the art field. The final selection of works exposed, and the relations to be established with the museums, reflected the choices already made along the circuit traveled by the pieces in that structure. The embodiment of the exhibition model in the exhibition itself would correspond to a display of the representation of each museum, making visible the various local specificities and what they would reveal in common. It is this model that is altered during the organization of the Exhibition-Dialogue, in favor of a joint presentation. The weight of the number of works shown per museum is also altered. These changes made it difficult to grasp the assumptions on which René Berger's proposal was based, therefore generating, according to him, a totally new project. This justified the international reception of this exhibition as just another major contemporary art exhibition, unable to construct a comprehensive picture of contemporary art in Europe, given the absence of some of the most recognized European museums (a critique more moderate in Portugal, though). And if it was on that incapability that part of the Exhibition-Dialogue failure laid, it was also in R. Berger's theoretical proposal, namely his argument about a museum as freed from political or art market interferences, that could be found one of the exhibition's fiercest criticism. However, from the organizers' point of view it was this theoretical framing that legitimized the initiative. Nevertheless it is the questioning of this legitimacy that leads to the contextualization of this exhibition within the cultural policies of the Council of Europe and, more specifically, its Art Exhibitions program. Program from which the exhibition would be withdrawn during its organization, announcing in a way that the First Exhibition-Dialogue would also be the last.
URI: http://hdl.handle.net/10362/95282
Designação: História da Arte, especialização em Teoria e Crítica da Arte
Aparece nas colecções:FCSH: DHA - Teses de Doutoramento

Ficheiros deste registo:
Ficheiro Descrição TamanhoFormato 
Um encontro possível da arte na Europa. A Exposição-Diálogo de 1985. André Silveira.pdf2,82 MBAdobe PDFVer/Abrir


FacebookTwitterDeliciousLinkedInDiggGoogle BookmarksMySpace
Formato BibTex MendeleyEndnote 

Todos os registos no repositório estão protegidos por leis de copyright, com todos os direitos reservados.