Utilize este identificador para referenciar este registo:
http://hdl.handle.net/10362/73717
Título: | Vulnerabilidades das mulheres, violência de género e a infeção pelo VIH/SIDA na cidade de Maputo, Moçambique |
Autor: | MATAVEL, Osvaldo Augusto |
Orientador: | DIAS, Sónia MARTINS, Maria do Rosário de Oliveira SIDAT, Mohsin |
Palavras-chave: | Saúde pública VIH Sida Mulheres Associações Vulnerabilidade Perceções e saúde Maputo Moçambique |
Data de Defesa: | Fev-2019 |
Editora: | Instituto de Higiene e Medicina Tropical |
Resumo: | Introdução: Cerca de 36.7 milhões de pessoas viviam com o VIH no mundo e a África austral tinha a epidemia mais grave, com 19 milhões de PVVIH, o que representava 51% da prevalência mundial (Global AIDS Report, 2016). As mulheres correspondem a 52% de todas as PVVIH em países de baixa renda e os homens, 48%. O INSIDA (2009) indicou que em Moçambique a prevalência da infeção pelo VIH na população adulta entre os 15-49 anos de idade era de 11,5%, sendo de 13,1% nas mulheres e 9,2% nos homens e que na cidade de Maputo a prevalência era 16%, e que pouco mais de 20% dos seropositivos são mulheres. Face a esta situação de alta prevalência em mulheres surge-nos o desafio de estudar as perceções das mulheres infetadas pelo VIH/SIDA, sobre vulnerabilidades, violência de gênero na Cidade de Maputo.
Material e Métodos: Este é um estudo descritivo com abordagem qualitativa e as participantes foram selecionadas por conveniência em duas associações de mulheres vivendo com VIH/SIDA. O instrumento de recolha de dados era constituído por dois conjuntos de questões. O primeiro era um questionário sociodemográfico para a recolha de elementos para caracterização sociodemográfica. O segundo conjunto era de questões abertas do guião de entrevista semiestruturado e incluía perguntas que permitiram recolher elementos para a descrição e análise das perceções e experiência vivenciadas com a infeção. A análise de conteúdo foi a técnica aplicada para tratar os dados. Obtivemos aprovação prévia do CIBS FM&HCM. O trabalho de campo decorreu entre os meses de Abril e julho de 2016.
Resultados: Os resultados foram obtidos por meio da análise das falas das entrevistadas. Foram incluídas 42 mulheres que tinham acima de 35 anos (83.3%) e 28.6% mais de 50 anos. Iniciaram a atividade sexual aos 17 anos e 54% nunca estudou. Não utilizavam contracetivos 54.8% e 38% usavam o preservativo e o mais usado/conhecido era o masculino (83.4%). Destacam-se alguns elementos que impulsionam vulnerabilidade individual como as práticas sexuais com múltiplos parceiros sexuais, relações sexuais desprotegidas, situações de violência e algumas práticas culturais como a Kutchinga e o tratamento por curandeiros. Contribuem para a vulnerabilidade social das mulheres desigualdades de género e violência e Estigma e discriminação. Dois aspetos foram identificadas na análise da vulnerabilidade programática nomeadamente Acesso e utilização de serviços de saúde e o papel das associações de PVVIH.
Conclusões: As mulheres de Maputo não realizam o teste do VIH como habito. Afirma-se que os homens são a fonte da infeção porque não realizam o teste e quando tem diagnostico positivo não comunicam as parceiras. Práticas culturais como casamentos prematuros, iniciação sexual precoce, os ritos de passagem, práticas sexuais (sem proteção) ligadas à "atos de purificação de viúvas” como o kutchinga e cortar a pele durante o tratamento médico tradicional, aumentam a vulnerabilidade da mulher. As normas de género promovem relações múltiplas. O estigma e a discriminação contribuem para o silêncio e omissão do estado serológico. As associações de MVHS dão apoio e cuidados as mulheres vivendo com o VIH/SIDA. Introduction: About 36.7 million people were living with VIH worldwide, and southern Africa had the most serious epidemic, with 19 million infected, accounting for 51% of global prevalence (Global AIDS Report, 2016). Women account for 52% of all PLWHA in low-income countries and men, 48%. INSIDA (2009) indicated that in Mozambique the prevalence of VIH infection in the adult population aged 15-49 was 11.5%, being 13.1% in women and 9.2% in men and that in the city of Maputo the prevalence was 16%, and that slightly more than 20% of VIH-positive women. Faced with this situation of high prevalence in women, we are faced with the challenge of studying the perceptions of women infected by VIH / AIDS, vulnerabilities and gender violence in Maputo City. Material and Methods: This is a descriptive study with a qualitative approach and the participants were selected for convenience in two associations of women living with VIH / AIDS. The data collection instrument consisted of two sets of issues. The first was a sociodemographic questionnaire for the collection of elements for sociodemographic characterization. The second set was open questions from the semistructured interview script and included questions that allowed to gather elements for the description and analysis of the perceptions and experience lived with the infection. Content analysis was the technique applied to treat the data. We obtained prior approval from CIBS FM & HCM. Fieldwork took place between April and July 2016. Results: The results were obtained through the analysis of the interviewees' statements. We included 42 women who were over 35 years old (83.3%) and 28.6% over 50 years old. They started sexual activity at age 17 and 54% never studied. They did not use contraceptives 54.8% and 38% used the condom and the most used / known was the male (83.4%). Some elements that promote individual vulnerability such as sexual practices with multiple sexual partners, unprotected sex, situations of violence and some cultural practices such as Kutchinga and treatment by healers are highlighted. Contribute to the social vulnerability of women gender inequalities and violence and Stigma and discrimination. Two aspects were identified in the programmatic vulnerability analysis namely Access and use of health services and the role of PLWHA associations. Conclusions: Women in Maputo do not perform the VIH test as a habit. It is stated that men are the source of the infection because they do not perform the test and when they have positive diagnosis do not communicate the partners. Cultural practices such as premarital marriages, early sexual initiation, rites of passage, sexual practices (unprotected) linked to "widows' purification acts" such as Kutchinga and cutting the skin during traditional medical treatment, increase the vulnerability of women. Gender norms promote multiple relationships Stigma and discrimination contribute to the silence and omission of VIH status. |
URI: | http://hdl.handle.net/10362/73717 |
Designação: | Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Doutor em Saúde Internacional, especialidade de Políticas de Saúde e Desenvolvimento. |
Aparece nas colecções: | IHMT: SPIB - Teses de Doutoramento |
Ficheiros deste registo:
Ficheiro | Descrição | Tamanho | Formato | |
---|---|---|---|---|
Tese_Vulnerabilidades das mulheres, violência de género e infeção pelo VIHSIDA em Moçambique_05_06_2019.pdf | 2,53 MB | Adobe PDF | Ver/Abrir |
Todos os registos no repositório estão protegidos por leis de copyright, com todos os direitos reservados.