Ressurgimento da temática melodramática no cinema contemporâneo

Abstract

A palavra “melodrama”, num sentido amplo, tem sido recorrente no léxico cinematográfico. Como conceito complexo e com especificidades muito concretas, o melodrama é uma forma híbrida que não se circunscreve ao Cinema Clássico de Hollywood e que se revela também no Cinema Contemporâneo, porque a incorporação de algumas das suas marcas sobrevive em vários modelos narrativos e estilos. Ora, o presente trabalho tem como principal objectivo compreender essa trajectória do género e a incorporação de alguns dos seus elementos no presente, com sustentação teórica em autores como Peter Brooks, Thomas Schatz, Thomas Elsaesser, Christine Gledhill e Rick Altman. O que nos interessa, em seguida, é reflectir sobre determinados pontos da obra do cineasta americano Woody Allen, que longe de ser um autor melodramático, convoca as nuances do género, herança por nós considerada nos casos em estudo, respectivamente em Intimidade (1978), em Match Point (2005) e em Vicky Cristina Barcelona (2008). Estes filmes continuam a ser entendidos como espelhos das estruturas familiares, dos espaços domésticos e dos conflitos intrínsecos ao nosso tempo. A dissertação admite e compara, ainda, os filmes anteriores a outras obras da temática melodramática, por exemplo, no cinema de Pedro Almodóvar. Abre-se, da mesma forma, um novo leque de questionamentos e hipóteses, que reenviam o cinema à nossa condição humana.

The word “melodrama”, in a wide sense, has been recurrent in the cinematic lexicon and in other disciplinary expressions. As a complex concept with very specific guide marks, melodrama is known as a hybrid form that is not only confined to the Classical Hollywood Cinema and is also uncovered by the Contemporary Cinema, because the incorporation of some of its features outlives through several narrative forms and styles. Thus, the main purpose of this dissertation is to understand the driving line of this genre, and the incorporation of some of its elements in the present, with theoretical support in authors like Peter Brooks, Thomas Schatz, Thomas Elsaesser, Christine Gledhill and Rick Altman. What interests us next is to reflect on certain points of the work of the american filmmaker Woody Allen, whom, far from being a melodramatic author, calls upon the nuances of the genre, inherited in the cases under study, respectively Interiors (1978), Match Point (2005) and Vicky Cristina Barcelona (2008). These are the films that continue to be understood as mirrors of the familiar structures, of the domestic spaces and of the conflicts intrinsic to our time. In the end, this dissertation admits and compares the previous films to other ramifications of the melodramatic genre, for example, through Pedro Almodóvar’s cinema. This opens a new range of questions and hypotheses, which, faced with an acceptance of the public, immediately points to the human condition.