O papel das mulheres nas alterações climáticas

Abstract

As alterações climáticas acarretam consigo desafios sociais, humanitários, ambientais e políticos incontornáveis que, acoplados às emissões de efeito de estufa crescentes, estão a conduzir a sociedade no sentido do colapso. Os movimentos sociais pelo clima, que anexam e unificam o ativismo climático, têm procurado objetar e pressionar os governos locais a par de organizações e empresas internacionais a intervirem com medidas efetivas de mitigação e de adaptação face às alterações climáticas. Esta investigação procura compreender, através da perspetiva dos ativistas climáticos entrevistados, de que forma a união dos movimentos, climático e pela igualdade de género, podem sensibilizar para a crise climática e para a procura pela igualdade de género. Para isto, foram entrevistados/as nove ativistas climáticos/as, cujas entrevistas resultantes foram analisadas recorrendo à análise de conteúdo. A discussão dos dados, permitiu compreender que os três coletivos têm especificidades próprias, relativamente às suas agendas climáticas e às diretrizes que guiam as suas práticas ativistas. Uns coletivos atuam mais no sentido da cidadania, da educação ambiental e do apoio consultivo, outros orientam-se para a defesa, proteção e conservação da natureza, enquanto outros, atuam no espaço público através de ações de disrupção pública que têm o objetivo de denunciar a emergência climática. Para além disso, os dados revelaram que, os princípios e valores de cada um dos ativistas são congruentes com os de cada coletivo, sendo assim, possível compreender os motivos de os/as ativistas terem aderido a cada um dos movimentos climáticos. Os dados extraídos das entrevistas, expuseram algumas perspetivas interessantes por parte dos/as ativistas, sendo uma delas, a preocupação latente com o exacerbar das desigualdades, principalmente, as desigualdades étnico-raciais, de género, entre outras. Uma segunda perspetiva evocada, está associada com o trabalho que, cada um dos coletivos vem desenvolvendo, nas suas dinâmicas internas, com o objetivo de alcançar a paridade de género, variando entre medidas inclusivas no momento de adesão, entre uma redistribuição das tarefas socialmente atribuídas e, através da distribuição equitativa dos tempos de fala e de participação nas reuniões

Climate change brings with it unavoidable social, humanitarian, environmental, and political challenges that, coupled with increasing greenhouse gas emissions, are driving society towards collapse. Climate movements, which merge and unify climate activism, have sought to object and pressure local governments, as well as international organizations and companies, to intervene with effective mitigation and adaptation measures in response to climate change. This research seeks to understand, from the perspective of the climate activists interviewed, how the union of climate and gender equality movements can raise awareness of the climate crisis and the pursuit of gender equality. For this, nine climate activists were interviewed, and the resulting interviews were analyzed using content analysis. The data discussion revealed that the three collectives have their own specificities regarding their climate agendas and the guidelines that guide their activist practices. Some collectives focus more on citizenship, environmental education, and advisory support, while others are oriented towards the defense, protection, and conservation of nature, and still others operate in the public space through disruptive actions aimed at denouncing the climate emergency. Furthermore, the data showed that the principles and values of each activist are congruent with those of their respective collective, making it possible to understand the reasons why activists joined each climate movement. The data extracted from the interviews revealed some interesting perspectives from the activists, one of which is the growing concern with the exacerbation of inequalities, especially ethnic-racial and gender inequalities, among others. A second perspective raised is related to the work that each collective has been developing within its internal dynamics to achieve gender parity, ranging from inclusive measures at the time of joining, to the redistribution of socially assigned tasks, and through the equitable distribution of speaking time and participation in meetings.