Paradoxos de gestão, competências e práticas de liderança em contexto hospitalar

Abstract

RESUMO - As organizações hospitalares são complexas e apresentam desafios muito próprios quanto a paradoxos de gestão e liderança. Este trabalho de campo apura a perceção dos líderes e liderados no Serviço de Pneumologia do hospital de Faro do Centro Hospitalar Universitário do Algarve, E. P. E., sobre paradoxos de gestão e como são encarados e lidados, listando competências e práticas de liderança, intermédia e superior, significativas para os profissionais. A investigação recorre a metodologias qualitativas, com base em entrevistas a profissionais de saúde, com o registo dos conceitos relevantes para o(a)s entrevistado(a)s (primeira ordem), passando à identificação de temas notados na literatura (segunda ordem) e desembocando em dimensões agregadas (resultados do presente trabalho de campo). Os paradoxos de organização e de pertença estão bem presentes, sendo em especial observada polarização entre o "nós" e o "eles" (fora do Serviço). É notória a capacidade coletiva de lidar com ambivalência face aos paradoxos, procurando a sua resolução sem refutar a complexidade que lhes é inerente, em grande medida pelo refúgio que cada profissional encontra na equipa, sendo elevado o compromisso com os colegas e o Serviço. O reverso é uma cultura muito própria, distinta de muitos outros Serviços, vivida de forma pouco integrada na organização, o que coloca acrescidos desafios para o(a)s profissionais, a equipa e a instituição no seu todo. O trabalho confirma o amplamente estabelecido na literatura: uma unidade de saúde, enquanto burocracia profissional, com uniformização de competências e, necessariamente, com o centro de poder no nível operacional, em grande medida fora do controlo da gestão de topo, obriga a adotar o ajustamento mútuo entre profissionais no terreno como forma de entregar valor ao cliente, o que implica a disseminação por todos os profissionais de competências em matéria de liderança, em especial para lidar com os paradoxos de gestão.

ABSTRACT - The hospital organizations are complex and challenging concerning management paradoxes and leadership. This work - at the Faro hospital service of Pulmonology of the Centro Hospitalar Universitário do Algarve, E. P. E. (the Portuguese National Health Service institution of primary and hospital healthcare at regional and local levels in Algarve) - is about leaders and workers perceptions about management paradoxes and leadership. The qualitative methodology adopted includes face to face interviews, in an exploratory and monographic work, to find relevant terms and meanings towards the identification of those present in the literature, about management paradoxes, how do deal with it, and leadership. The organizational and belonging paradoxes are visible, specially between “us” and “them” (outside the Clinical Service). The ambivalence is the main way to deal with paradoxes, figuring out how to solve without a simple solution. This results from the comfort the professionals feel in the collective strength to deal with the paradoxes. The commitment is high, and the professionals often talk about the team as a refugee for the daily difficulties. The reverse is obvious: a very specific culture in the team, different of the commonly existing in other services, resulting in a low integration of the team in the overall organizational culture. It was found what the literature shows: a health care unit, as a professional bureaucracy, with skills standardization, being necessarily a great part of the power in the operational level, many times outside the top management control, turns mutual adjustment the main tool to deliver value to the clients, asking for spread leadership across the organization, as a better way to learn and to deal with management paradoxes.