Estágio na Galeria Manicómio: desafios e contributos na implementação de métodos museológicos num contexto de mudança

Abstract

Este relatório reflete criticamente o trabalho desenvolvido durante o estágio realizado na Galeria Manicómio, em Lisboa – um espaço de criação que trabalha com artistas que têm ou já tiveram experiência de doença mental. Inserido num contexto não convencional, o estágio teve como objetivo aplicar princípios teóricos e conhecimentos adquiridos durante a componente letiva do Mestrado em Museologia nesta galeria, enfatizando os benefícios que as boas práticas de gestão de acervo e documentação das obras de arte pode produzir numa instituição como esta, especialmente durante um processo de mudança para novas instalações. A galeria, caracterizada pela sua natureza informal e missão socialmente inclusiva, representou um desafio singular: como alinhar as práticas museológicas tradicionais com a dinâmica operacional de uma galeria de Arte Bruta? Para tal, a metodologia adotada incluiu duas vertentes. Por um lado, recolheu-se informação através de bibliografia, observação participativa, análise documental e com recurso a entrevistas, permitindo uma abordagem multifacetada às necessidades muito específicas do Manicómio. Por outro lado, e numa vertente mais prática, as principais atividades realizadas envolveram o desenvolvimento de métodos de acondicionamento das obras para o processo de mudança de espaço; a reformulação do sistema de inventário adaptado, e respetiva atualização; e a renovação do plano de comunicação da galeria, em particular, do catálogo de vendas e website, fundamentais para o fortalecimento da presença digital deste projeto, num momento de transformação. Partindo desta experiência, e da sua análise, o foco principal deste relatório centra-se nos contributos desenvolvidos para a melhoria da gestão interna e na organização do acervo. As conclusões apresentadas sublinham a relevância da adaptação de práticas museológicas a espaços alternativos, demonstrando a sua flexibilidade e reconhecendo os desafios únicos que lhe estão associados. Até que ponto podem estas práticas transformar, de forma significativa, a identidade e o futuro de uma galeria com características tão singulares? – é uma questão decisiva que percorre este trabalho.

This report critically reflects on the work carried out during the internship at Manicómio Gallery, in Lisbon – a creative space that works with artists who currently have or have had experiences with mental illness. Set within an unconventional context, the internship aimed to apply theoretical principles and knowledge acquired during the first year of the Master’s (MA) in Museology, emphasizing the benefits that best practices in collection management and artwork documentation can bring to an institution like this, especially during a process of relocation to new premises. The gallery, characterized by its informal nature and socially inclusive mission, presented a unique challenge: how to align traditional museological practices with the operational dynamics of an Outsider Art Gallery? To achieve this, the adopted methodology included two main approaches. On one hand, information was gathered through bibliographic research, participatory observation, document analysis, and interviews, allowing for a multifaceted approach to the specific needs of Manicómio. On the other hand, on a more practical level, the main activities carried out involved developing methods to prepare the artworks for the relocation process; redesigning the adapted inventory system and updating it; and renewing the gallery’s communication plan, particularly the sales catalog and website, which are crucial for strengthening the digital presence of this project during a period of transformation. Based on this experience and its analysis, the main focus of this report is on the contributions made to improving internal management and organizing the collection. The conclusions presented highlight the relevance of adapting museological practices to alternative spaces, demonstrating their flexibility and recognizing the unique challenges associated with them. To what extent can these practices significantly transform the identity and future of a gallery with such unique characteristics? – This is a decisive question running throughout this work.