“Faz-me uma sandes”: Uma análise sobre violência de género e discriminação no Fortnite, em Portugal

Abstract

Cada vez é mais importante dar visibilidade a problemas recentes. A violência de género e a discriminação nos videojogos são problemas atuais e reais. Por ser um meio predominantemente masculino e direcionado a jovens rapazes, a presença das mulheres nem sempre é bem-vinda. Na construção das próprias personagens e nas histórias dos videojogos, geralmente a personagem principal é um homem, e as mulheres possuem um papel secundário. Esta desvalorização e objetificação da mulher desde os primórdios dos videojogos nos anos 80 (Study Tracks 31-Year History of Female Sexualization in Video Games, 2016) contribuíram para a consolidação de uma comunidade predominantemente masculina habituada a ser o público-alvo cujo conteúdo é feito exclusivamente para o agradar. Quando mulheres começaram a mostrar interesse pelos videojogos foram recebidas por uma comunidade sexista que as excluía e afirmava que os videojogos eram apenas para rapazes. Com a crescente popularidade dos videojogos online, nos quais os jogadores interagem por voz, incluindo com desconhecidos, as mulheres estão mais expostas a ser vítimas de discriminação e violência de género. Neste sentido, é importante retratar este problema, dando voz à realidade das jogadoras, e analisar a construção das várias personagens. Este estudo é centrado no Fortnite, um videojogo de luta e competição, com uma comunidade maioritariamente masculina, extremamente competitiva, que geralmente exclui as jogadoras. Esta investigação resulta na realização de uma curta-metragem documental sobre a violência de género e a discriminação, centralizada no Fortnite, mas abordando outros videojogos.

It is increasingly important to shed light on recent issues. Gender-based violence and discrimination in video games are current and real problems. Due to its predominantly male-oriented nature and target demographic of young boys, the presence of women is not always welcomed. The construction of the characters themselves and the narratives of video games, typically the main character is male, and women are relegated to secondary roles. This devaluation and objectification of women since the beginning of video games, in the 80’s (Study Tracks 31-Year History of Female Sexualization in Video Games, 2016) have contributed to the consolidation of a predominantly male community accustomed to being the target audience, with content created exclusively to please them. When women began showing interest in video games, they were met with a sexist community that excluded them and asserted that video games were only for boys. With the growing popularity of online video games where there is contact between unknown players who communicate via voice, women are more exposed to being victims of discrimination and gender-based violence. In this sense, it is important to portray this issue, giving voice to the reality of female gamers, and analyzing the construction of various characters. This study focuses on Fortnite, a game of fighting and competition, with an extremely competitive, predominantly male community, which generally excludes female players. The outcome of this investigation culminates in the production of a short documentary film about gender-based violence and discrimination, focusing primarily on Fortnite but also covering other video games.