Cuidado precário: as trabalhadoras de cuidado direto nas IPSS em Portugal

Abstract

Esta dissertação empenha-se na procura de um aprofundamento da análise das condições de trabalho das trabalhadoras de cuidado direto no seio da economia social em Portugal e em particular das Instituições Particulares de Solidariedade Social (IPSS), instituições privadas cujo objetivo é a “resposta social”. Partindo de um enquadramento teórico que engloba o estudo dos cuidados e da precariedade – entendida como um conceito multifacetado localizado nas sociedades capitalistas avançadas e na modernidade tardia – , esta análise debruça-se portanto sobre a noção de vulnerabilidade ou fragilidade das trabalhadoras de cuidado direto a nível do vínculo laboral, das condições de trabalho, da remuneração e da experiência subjetiva. Tal análise não se demove de colocar em contexto esta experiência de fragilidade como resultado de uma precariedade das próprias IPSS, que atuam num 'sistema social de prestação de cuidados' ancorado numa lógica familialista que deixa as instituições subfinanciadas e elas próprias vulneráveis a crises financeiras. Para concretizar essa contextualização, esta dissertação serve-se também da análise dos problemas de fundo do sistema social de prestação de cuidados presente em Portugal e das dificuldades de trabalho das direções de IPSS. O objetivo é claro: perceber se os problemas que afetam as IPSS e que se traduzem na situação precária das cuidadoras diretas têm, na perceção destas, algum impacto na resposta social prestada pela instituição e pelo “setor social” como um todo.