De casa da família para uma nova casa. Como os objetos contribuem para o sentimento de casa nos jovens: estudos de caso

Abstract

Em contextos de mobilidade espacial, os objetos que acompanham as pessoas assumem-se importantes no que diz respeito à memória dos lugares deixados para trás, mas, também, nas ligações que estabelecem entre esta memória e a vida nas novas casas (Silvano 2017). Assim, os objetos que as pessoas transportam consigo podem ter um papel relevante para que estas se sintam enquadradas em novos ambientes (Marcoux 2001). Nesta dissertação procuro compreender, num contexto em que jovens adultos saem de casa da família para morar numa nova casa, qual é o papel que os objetos que decidem levar da casa anterior para o novo espaço têm na construção do sentimento de casa e como podem revelar-se centrais numa experiência tão marcante como o momento em que se constrói a primeira casa. Se a casa pode ser entendida como um “repositório de ideias complexas (...) sobre a relação das pessoas com outros, especialmente a família, lugares, espaços e coisas” (Mallett 2004, 84) ou “uma entidade que congrega memória e pertença, ideais e afetividade, espaço e tempo, local e global, avaliações negativas e positivas” (Rosales 2015, 64), o “apego a um lugar” reflete “um fenómeno complexo” que incorpora diversos aspetos, entre eles a emoção, os sentimentos, as práticas e ações levadas a cabo pelas pessoas nos lugares (Setha Low 1992). Assim, procura-se compreender como é que os objetos escolhidos para irem para a nova casa ajudaram na construção de sentimento de casa, mas, também, porque é que as jovens decidiram trazê-los para o novo espaço e o papel que ocupam na casa atual.

In contexts of spatial mobility, objects that accompany people are assumed to be important regarding the memory of places left behind, but also in the connections they establish between this memory and life in new homes (Silvano 2017). Thus, the objects that people carry with them can play a relevant role for them to feel framed in new environments (Marcoux 2001). In this dissertation I seek to understand, in a context in which young adults leave their family home to live in a new house, what role the objects that they decide to take from the previous house to the new space have in the construction of the “feeling of home”, as well as how they reveal to be central in such a remarkable experience as it is the moment when we build our first home. If the house can be understood as a "repository of complex ideas (... ) about people's relationship with others, especially family, places, spaces and things" (Mallett 2004, 84) or "an entity that brings together memory and belonging, ideals and affectivity, space and time, local and global, negative and positive evaluations" (Rosales 2015, 64), the "attachment to a place" reflects "a complex phenomenon" that incorporates several aspects, including emotion, feelings, practices and actions carried out by people in places (Setha Low 1992). This investigation seeks to understand how the objects chosen to go to the new house helped on the construction of the “feeling of home”, but, also, why they were brought to the new space and the role they occupy in the current home.