Enfermeiros e Sociedade: a influência do poder médico sobre a criação da sua identidade profissional

Abstract

Sendo realizada no âmbito do Mestrado em Sociologia e, mais especificamente, no âmbito da especialização em Sociologia Económica e das Organizações, esta dissertação pretende abordar um problema social que passa pela dominação médica da qual os (as) enfermeiros (as) são alvo diariamente dentro da esfera laboral. Consequentemente, pretende promover uma reflexão sobre a forma como esta dominação médica vai influenciar a estruturação e constante reestruturação da identidade profissional dos (as) enfermeiros (as). A identidade profissional dos (as) enfermeiros (as) pode ser definida como “os valores e as crenças que são mantidas pelos (as) enfermeiros (as) que, por sua vez, vão orientar o seu pensamento e as suas interações com os pacientes” (Fagermoen 1997, 435). Sendo assim, é importante ter em mente dois fatores que, segundo Amendoeira (2004) sustentam a identidade profissional dos (as) enfermeiros (as). Em primeiro lugar, encontra-se o fato do indivíduo ser ”homem ou mulher", sendo desta forma que (as) os (as) enfermeiros (as) se devem posicionar e não como “enfermeiro ou enfermeira”, pois é enquanto homem ou mulher que exerce esta profissão” (Amendoeira 2004, 311). Ora, isto pode ser explicado pelo fato de que, desde muito cedo, tanto os homens como as mulheres eram socializados para ocuparem diferentes posições dentro da estrutura hierárquica da sociedade e, consequentemente, no próprio mercado de trabalho em si. Tal como é referido por Bourdieu, “através da experiência de uma ordem social “sexualmente” ordenada, as raparigas incorporam, sob a forma de esquemas de percepção e de apreciação dificilmente acessíveis à consciência, os princípios da visão dominante que as levam a achar normal, ou até mesmo natural, a ordem social tal como existe e a anteciparem de certa forma o seu futuro” (1999, 82).