Transmissão de VIH de mãe para filho na Clínica Céu e Terras na cidade de Bissau (Guiné-Bissau)

Abstract

RESUMO - A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (VIH/SIDA) é considerado uma das pandemias mais devastadoras que a humanidade enfrentou. A SIDA é reconhecida pela primeira vez no Norte da América, concretamente nos Estados Unidos da América (EUA), a 5 de julho de 1981. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Programa Conjunto das Nações Unidas Sobre HIV/SIDA (ONUSIDA), de forma geral 39 milhões de mortes estão cumulativamente relacionadas à SIDA e 36,9 milhões de indivíduos vivem com VIH em 2014 em todo o mundo (1). Estima-se que 90% das crianças infetadas pelo VIH contraem a infeção no período perinatal durante a gravidez (2) e que 95% dos infetados vivem em países em desenvolvimento. Houve uma redução da taxa de transmissão, que apresentava cifras de 20% sem quaisquer intervenções, para 1% ou menos aquando da implementação da profilaxia ajustada. O vírus quando transmitido de mãe para filho poderá ter lugar em três períodos distintos: durante a gravidez, no parto, e na amamentaçãoo. O tema de estudo é a Transmissão de VIH de mãe para filho, e estabelece-se como objetivo geral: estudar a prevalência e alguns fatores associados a seropositividade da transmissão vertical de VIH dada por analise laboratorial na Clínica Céu e Terras na cidade de Bissau (Guiné-Bissau) no período 2015 a 2020. Para realização da investigação foi adotado o estudo transversal retrospetivo ou histórico, determinando-se a prevalência da transmissão vertical de VIH na Clínica Céu e Terras, tendo como base uma amostra de 1272 mulheres grávidas seropositivas ao VIH. Foram utilizados testes de associação e independência (p.e Teste Qui Quadrado, teste de Fisher e Extensão ao teste Exato de Fisher) para aferir da existência de relações entre as variáveis em análise. Da amostra em análise, 55,9% das mulheres grávidas foram expostas a Prevenção da Transmissão de VIH de mãe par Filho (PTMF). Para um nível de significância de 5%, foi identificado uma associação estatisticamente significativa (valor-p=0.001) entre as variáveis “Prevenção da Transmissão de VIH de Mãe para Filho” e “Resultado de Teste do Filho” assim como nas variáveis “Habilitação Literária” e “Resultado de Teste do Filho” (valor-p=0,012). As parturientes que aderiram à profilaxia viram uma redução do risco de transmissão do VIH/SIDA comparativamente às que não aderiram (2,5%: IC 95% [4.43;14.41] versus 18,5%: IC 95% [14.32;23.6]), e às que não fizeram PTMF têm 8,74 maior chance de transmitir VIH para seus filhos (OR = 8,74).

ABSTRACT - The Acquired Immunodeficiency Syndrome (HIV/AIDS) is considered one of the most devastating pandemics that humanity has faced. AIDS is recognized for the first time in North of America, specifically in the United States of America (USA), on July 5, 1981. According to the World Health Organization (WHO) and the Joint United Nations Program on HIV/AIDS (UNAIDS), overall 39 million deaths cumulatively is AIDS-related and 36.9 million individuals are living with HIV in 2014 worldwide (1). It is estimated that 90% of HIV-infected children contract the infection in the perinatal period during pregnancy (2) and the 95% of those infected live in developing countries. There was a reduction in the transmission rate, from 20% without any interventions, to 1% or less when the adjusted prophylaxis was implemented. The virus, when transmitted from mother to child, can take place in three distinct periods: during pregnancy, childbirth, and breastfeeding. The subject of study is the transmission of HIV from mother to child, and the general objective is established: to study the prevalence and some factors associated with seropositivity of vertical transmission of HIV given by laboratory analysis at Clínica Céu e Terras in the city of Bissau (Guinea-Bissau) in the period 2015 to 2020. To carry out the investigation, a retrospective or historical cross-sectional study was adopted, determining the prevalence of vertical transmission of HIV at Clínica Céu e Terras, based on a sample of 1272 HIV-positive pregnant women. Association and independence tests (eg Chi-Square test, Fisher's test and Extension to Fisher's Exact test) were used to assess the existence of relationships between the variables under analysis. The sample under analysis, 55.9% of pregnant women were exposed to Prevention of Mother-to-Child Transmission of HIV (PTMF). For a significance level of 5%, a statistically significant association was identified (p-value=0.001) between the variables “Prevention of Mother-to-Child HIV Transmission” and “Child Test Result” as well as the variables “Qualification Literary” and “The child Test Result” (p-value=0.012). Parturients who adhered to prophylaxis saw a reduction in the risk of HIV/AIDS transmission compared to those who did not (2.5%: CI 95% [4.43;14.41] versus 18.5%: CI 95% [14.32;23.6]), and those who did not undergo PMTCT were 8.74 times more likely to transmit HIV to their children (OR = 8.74).