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http://hdl.handle.net/10362/159185
Título: | Health care acess in times of Covid-19: the experiences of refugees in Lisbon |
Autor: | COSTA, Vanessa Andreia Portela dos Santos |
Orientador: | MARTINS, Maria do Rosário Oliveira HAMWI, Sousan al |
Palavras-chave: | Saúde pública Refugiados Migrantes Acesso aos cuidados de saúde Covid-19 Portugal |
Data de Defesa: | Fev-2023 |
Resumo: | Resumo ACESSO AOS CUIDADOS DE SAÚDE EM TEMPOS DE COVID 19: AS EXPERIÊNCIAS DOS REFUGIADOS EM LISBOA
Introdução
De forma a endereçar as necessidades em saúde dos refugiados é essencial que os
serviços de saúde sejam dotados de competência cultural e facilitem o acesso desta
população aos cuidados de saúde, especialmente num contexto amplificador de
iniquidades sociais, como a pandemia da COVID-19. No entanto, não existem estudos
em Portugal que explorem o acesso aos cuidados de saúde pelos refugiados durante a
pandemia. O objectivo desta tese consiste em descrever as características demográficas
e socioeconómicas dos refugiados em Lisboa, e explorar os seus padrões de acesso aos
cuidados de saúde durante a pandemia.
Métodos
Foi realizado um estudo transversal descritivo entre Maio e Novembro 2022. Foram
entrevistados 36 refugiados a viver em Lisboa mediante a aplicação de um questionário
com 38 itens. Foram calculadas estatísticas descritivas para caracterizar o perfil
sociodemográfico e de acesso aos cuidados de saúde durante a pandemia.
Resultados
A maioria de participantes era do género masculino (56%), com uma média de idades de
35 anos, casados (72%), detinham pelo menos o ensino secundário (69%), e estavam
desempregados (77.8%). Os respondentes eram provenientes de sete países e todos
tinham integrado o Programa Municipal de Acolhimento aos Refugiados; a média de
estadia era de 17 meses. Todos estavam registados num centro de saúde e durante a
pandemia, 94% usaram serviços de saúde. Apesar de a maioria ter testado negativo para
o coronavírus (58%), um foi internado devido a COVID-19; 97% foram vacinados contra
a COVID-19 e 69% tinham o esquema vacinal incompleto. A maioria conhecia os
sintomas mais comuns da COVID-19 (86%) e cumpriu com medidas preventivas (83%).
Um quarto dos respondentes não teve acesso a informação sobre a COVID-19 numa
língua que compreendesse e apesar de 97% terem precisado de cuidados de saúde durante
a pandemia, mais de metade (63%) não os procurou devido a barreiras estruturais e
culturais. Metade dos participantes teve dificuldade em conseguir aconselhamento
médico por telefone ou email e 39.4% não pôde pagar exames médicos ou tratamentos.
Apenas 18.2% procurou apoio psicológico. Um total de 58.8% dos participantes sentiu
que os profissionais de saúde nem sempre respeitaram a sua cultura e 64.7% reportaram
que os profissionais não discutiram com eles opções terapêuticas.
Conclusões e Implicações
O acesso aos cuidados de saúde é um conceito complexo, no qual várias dimensões de
oferta e de procura de cuidados desempenham um papel. O acesso aos cuidados de saúde
pelos refugiados requer uma abordagem holística, que implica endereçar as
especificidades da sua vulnerabilidade. Os resultados desta tese sugerem que a pandemia
da COVID-19 pode ter intensificado iniquidades e barreiras preexistentes no acesso aos
cuidados de saúde. Adicionalmente, sublinha a necessidade de investimento numa
comunicação inclusiva, em competência cultural e no envolvimento dos doentes nos
cuidados, além da melhoria da condição socioeconómica dos refugiados. As
características da população refugiada e barreiras no acesso aos cuidados de saúde
identificadas nesta tese, poderão servir para informar estudos futuros sobre as
necessidades em saúde dos refugiados e assistir no delineamento de estratégias para
reduzir as iniquidades no acesso aos cuidados de saúde. Abstract HEALTH CARE ACCESS IN TIMES OF COVID-19: THE EXPERIENCES OF REFUGEES IN LISBON Background & objective To address the health needs of refugees, it is essential that health services are culturally competent and facilitate the access of this population to health care, especially in a context prone to the amplification of social inequities, such as the COVID-19 pandemic. However, no studies exist in Portugal exploring refugees’ access to health during the pandemic. The objective of this thesis is to describe the socioeconomic and demographic characteristics of refugees living in Lisbon and to explore their health care access patterns during the COVID-19 pandemic. Methods A cross-sectional descriptive study was conducted from May to November 2022. A 38- item questionnaire was applied to 36 refugees living in Lisbon through face-to-face interviews. Descriptive statistics were used to characterize sociodemographic and healthcare access profiles during the pandemic. Results The mean age of participants was 35 years, and the majority were male (56%), married (72%), had at least a secondary education (69%), and unemployed (77.8%). The respondents came from seven countries and had all been integrated into the Municipal Refugee Reception Program with a median length of stay of 17 months. All were registered in a primary care center and, during the pandemic, 94% used healthcare services. While the majority never tested positive for the coronavirus (58%), one was admitted to hospital due to severe COVID-19. A total of 97% received COVID-19 vaccination, of which 69% had an incomplete schedule. Most participants were knowledgeable about the most common symptoms of COVID-19 (86%) and were compliant with preventive measures (83%). A quarter of the participants didn´t have access to information about COVID-19 in a language they understood, and although 97% needed health care during the pandemic, more than half (63%) didn’t seek it because of structural and cultural barriers. Half of the respondents had difficulty getting medical advice by phone or email and 39.4% could not afford a medical examination or treatment. Only 18.2% sought counselling services. A total of 58.8% of the participants felt like healthcare professionals didn’t always show respect towards their culture and 64.7% reported that healthcare professionals did not discuss treatment options with them. Conclusions and Implications Access to health care is a complex concept, in which several dimensions on both the supply and demand sides play a role. Health care access by refugees requires a comprehensive approach, that entails addressing the specificities of their vulnerability. This thesis's findings suggest that the COVID-19 pandemic may have enhanced long standing inequalities and barriers to health care in Portugal. Moreover, it highlights the need to endow inclusive communication, cultural competency, and patient involvement in health care, alongside improving the socioeconomic condition of refugees. Identified population characteristics and barriers to health care access by refugees in this thesis, may inform future studies on the health care needs of refugees in Portugal and ultimately assist in the devising of strategies to reduce inequalities in health care access. |
URI: | http://hdl.handle.net/10362/159185 |
Designação: | Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Saúde Pública e Desenvolvimento |
Aparece nas colecções: | IHMT: SPIB - Dissertações de Mestrado |
Ficheiros deste registo:
Ficheiro | Descrição | Tamanho | Formato | |
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