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http://hdl.handle.net/10362/159136
Título: | A saúde das crianças e a pobreza familiar: um estudo quantitativo para a Região de Lisboa e Vale do Tejo |
Autor: | JARDIM, Marta Duarte |
Orientador: | MARTINS, Maria do Rosário Oliveira |
Palavras-chave: | Saúde pública Pobreza Privação material Saúde infantil Situação de carência económica Lisboa e Vale do Tejo |
Data de Defesa: | Ago-2023 |
Resumo: | Introdução: A infância caracteriza-se por processos de transformação biológicos,
comportamentais e sociais, que são facilmente influenciados por fatores externos. A
literatura sugere que a pobreza, nomeadamente a relacionada com os fatores
socioeconómicos dos familiares, afeta direta ou indiretamente as crianças; estas podem
vir a desenvolver características, comportamentos ou doenças típicas de quem viveu em
pobreza e que perdurarão ao longo das suas vidas. A saúde infantil negligenciada pela
pobreza familiar resulta no desenvolvimento de limitações ou incapacidades futuras que
prejudicarão o capital social dos países. Por essa razão, importa estudar e identificar os
fatores determinantes da saúde infantil, com o intuito de desenvolver medidas para a sua
mitigação.
Objetivos: Analisar a relação existente entre alguns indicadores de saúde infantil e a
situação socioeconómica das famílias na região de Lisboa e Vale do Tejo.
Material e métodos: Realizou-se um estudo quantitativo, observacional e transversal, a
crianças com idades entre 2 e 5 anos, que frequentaram o ACES da Amadora e do Arco
Ribeirinho entre Junho de 2019 e Março de 2023. A recolha de dados foi efetuada através
de um questionário estruturado e presencial aos pais/cuidadores das crianças. A amostra
deste estudo foi retirada de dois outros estudos mais alargados sobre o perfil de saúde da
criança. As variáveis relacionadas com a saúde da criança foram: estado geral de saúde,
número de episódios de doença, peso ao nascer, consumo de frutas e legumes e acesso
aos cuidados de saúde. Os indicadores de pobreza considerados foram: rendimento
familiar mensal, situação perante o emprego e qualificação laboral. Foram realizadas
estatísticas descritivas mais adequadas a cada tipo de variável e analisadas associações
através do teste de Qui-Quadrado, Fisher ou Fisher-Freeman-Halton. Usou-se o software
SPSS versão 27.
Resultados: Da amostra de 560 crianças, 46,4% eram consideradas, pelos
pais/cuidadores, como tendo um bom estado de saúde. Cerca de um terço das crianças
não tinha estado de doente nos 3 meses e 36,6% tinham tido apenas um episódio de
doença. Cerca de 3 em cada 4 crianças nasceu com um peso adequado. Cerca de 47% das
crianças consume fruta fresca duas vezes por dia e cerca de 50% consume verduras,
saladas e hortaliças duas vezes por dia. Quanto à utilização dos cuidados de saúde, 29%
das crianças usa a urgência do sector público e 96% utiliza o centro de saúde para
consultas de vigilância/rotina. Os pais/cuidadores, classificam em geral o sector público
como o sector preferencial. As qualificações dos pais/cuidadores estão significativamente
associadas com o consumo de frutas e legumes (p=0,075; p=0,073) e o motivo de ir ao
centro de saúde (p=0,004), enquanto a situação laboral está significativamente associada
ao peso à nascença (p=0,000) e o local de atendimento quando a criança esteve doente
(p=0,035). Já o rendimento familiar está associado significativamente com consumo de
frutas e legumes (p= 0,066; p=0,053), local de atendimento quando a criança esteve
doente (p=0,001) e motivo de ir ao centro de saúde (p=0,000).
Conclusão: A pobreza familiar é um determinante da saúde infantil que deve ser
considerada como um importante determinante social da saúde da criança. A associação
entre instabilidade financeira das famílias, principalmente em tempos de crise financeira,
e as repercussões na qualidade de vida das crianças, reforça a necessidade de criação de
estratégias que visem a mitigar os efeitos nefastos que possam daí derivar. Este estudo
reforça a evidência referida na literatura sobre o impacto negativo que o estatuto
socioeconómico familiar desfavorecido tem no desenvolvimento da criança. As
conclusões obtidas nesta amostra de crianças/famílias da região de Lisboa e Vale do Tejo
poderá servir de base para estudos futuros assim como para o planeamento de estratégias
que protejam as crianças em situação de vulnerabilidade financeira familiar nesta Região
de Portugal. Abstract Introduction: Childhood is characterized by biological, behavioral and social transformation processes, which are easily influenced by external factors. The literature suggests that poverty, namely related with families’ socioeconomic factors, affects directly or indirectly the children; these can develop characteristics, behaviors or typical diseases of those who lived in poverty and will last throughout their lives. The neglected child health by family’s poverty results in the development of future limitations or incapacities that damage the countries’ social capital. For this reason, it is important to study and indentify the determinants of child health, with the aim of developing measures for its mitigation. Objectives: Analyze the existent relationship between some child health indicators and the socioeconomic situation of families in Lisbon and Tagus Valley region. Materials and Methods: A quantitative, observational and cross-sectional study was accomplished on children aged between 2 and 5 years old, who attended ACES da Amadora and Arco Ribeirinho between June of 2019 and March of 2023. Data collection was made by a stutured questionaire and face-to-face with children’s parents/caregivers. The sample of this study was taken from two other larger studies about child health profile. The variables related to the child’s health were: general health state, number of illness episodes, birthweight, consumption of fruits and vegetables and health care access. The poverty indicators considered were: monthly family’s income, employmentsitutation and work qualification. More adequate descriptive statistics were performed for each type of variables and associations were analysed throughout the Chi-Square, Fisher and Fisher Freeman-Halton tests. It was used the SPSS version 27 software. Results: Of the sample of 560 children, 46,4% were considered, by parents/caregivers, to be in good health state. About a third of the children didn’t have sick in the 3 months and 36,6% had only one illness episode. About 3 in 4 children were born with adequated birthweight. About 47% of children consume fresh fruit twice a day and about 50% consume vegetables and salads twice a day. As for the use of health care, 29% of children use the emergencies of public sector and 96% use health center for survaillence/routine consultations. Parents/caregivers generally classified the public sector as the preferencial. Parents/caregivers’ work qualifications are significatly associated with fruits and vegetables consumption (p=0,075; p=0,073) and the reasons to visit health care (p=0,004), while the employment situation is significantly associated with birthweight (p=0,000) and the place to care when the child was ill (p=0,035). The family income is significantly associated with fruits and vegetables consumption (p=0,066; p=0,053), place of care when the child was ill (p=0,001) and reasons to visit health center (p=0,000). Conclusion: Family poverty is a child health determinant that should be considered as an important social determinant of child health. The association between families’s financial instability, especially in times of financial crisis, and the repercussions on children’s life quality, reinforce the necessity of strategies criation to mitigate the harmfull effects which may derive therefrom. This study reinforce the evidence reported in literature about the negative impact of underpriviliged family socioeconomic status has on child development. The conclusions obtained in this sample of children/families from Lisbon and Tagus Valley sample could serve as a basis for future studies as well as for planning strategies that protect children in a situation of family financial vulnerability in this Portugal region. |
URI: | http://hdl.handle.net/10362/159136 |
Designação: | Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Saúde Pública e Desenvolvimento |
Aparece nas colecções: | IHMT: SPIB - Dissertações de Mestrado |
Ficheiros deste registo:
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