Utilize este identificador para referenciar este registo: http://hdl.handle.net/10362/157453
Título: António Quadros (1933-1994):Para uma cartografia do seu "mundo-próprio"
Autor: Gomes, Rita Baptista Maia
Orientador: Silva, Raquel Henriques da
Palavras-chave: António Quadros
Arte Portuguesada segunda metade do século XX
Escola Superior de Belas-artes do Porto
Artes Plásticas
Moçambique
António Quadros (1933-1994)
Artista multifacetado
João Pedro Grabato Dias
Frey Ioannes Garabatus
Mutimati Barnabé João
Multidisciplinary artist
Data de Defesa: 16-Mar-2023
Resumo: António Augusto de Melo Lucena e Quadros (1933-1994). Artista prodigioso e poeta grande da Língua Portuguesa. Professor de excepção – por vocação e convicção. O seu nome não figura como vulto ímpar da cultura portuguesa do século XX e, no entanto, produziu uma obra avassaladora, de rara qualidade e abran gência que foi, até agora, completamente secundarizada e marginalizada. Deixou um valioso património, material e imaterial, que é desconhecido e que está esquecido, ou mesmo, desaparecido. Esta tese é um contributo para o seu conhecimento e para o seu reconhecimento. Apresenta-se uma incursão pelos períodos da sua vida, procurando cruzar o percurso biográfico e os con textos políticos, sociais e culturais em que viveu, com a sua produção e a sua necessidade permanente de experimentação e intervenção em múltiplos domínios. Do período da infância destacam-se as circunstâncias que contribuíram para a definição da sua sensibilidade e propensão artística. O seu trajecto, desde a forma ção em Pintura até à consagração como pintor, é indissociável da Escola Superior de Belas-Artes do Porto, onde é aluno e depois professor a convite do director, Carlos Ramos, que cedo vê nele um pedagogo de excelência. O período em que reside em Moçambique coincide com a última fase do colonialismo português em África. A sua presença em Lourenço Marques caracteriza-se por uma postura irreverente e polémica face aos poderes discricionários, por uma prestação multifacetada fulgurante, englobando a sua revelação poética, assinada pelo pseudónimo João Pedro Grabato Dias. Após a independência, permanece em Maputo desenvolvendo, a partir de 1976, na universidade, um projecto pioneiro onde testou fornos de cal, biodi gestores, secadores solares, construções em adobo, engenhos em bambu, etc., provando ser possível erguer um país novo utilizando Técnicas Básicas para o Aproveitamento Racional da Natureza. Desiludido com o rumo político-económico do país, regressa a Portugal em 1984, onde a par da actividade artística, realiza-se humanamente como professor de Desenho na Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. Sempre numa perspectiva de abordar o Homem integral e o Artista total, e de demonstrar a articulação entre a sua obra e os contextos espácio-temporais, a tese termina salientando três eixos fulcrais para a compreen são do seu mundo-próprio. O pendor performativo da sua personalidade consubstanciou-se subliminarmente em duas encenações que montou e que originaram dois livros. Em 1972 conseguiu publicar um manifesto de condenação da política colonial portuguesa – As Quybyrycas, escritas ao jeito de Camões por Frey Ioannes Garabatus. Em 1975 conseguiu que Eu, o Povo, redigido por um suposto guerrilheiro Mutimati Barnabé João, se transformasse em cartilha ideológica de leitura obrigatória nas escolas de Moçambique no período pós-independência. Para além da obra poética, dá protagonismo à palavra na obra plástica e também vai fazendo dela ferramenta para expressar publicamente o seu entendimento da Arte e da condição de Artista. Por último, é sublinhado um dos seus temas de eleição: a morte – que trespassa a poesia e a pintura. E é a consciência da morte que explica a urgência e a intensidade do seu viver e do seu fazer.
António Augusto de Melo Lucena e Quadros (1933-1994) was a prodigious artist, a great poet of the Por tuguese language, and an exceptional teacher – by vocation and conviction. His name does not appear as a distinctive figure in the Portuguese culture of the 20th century and his exceptional work, of rare quality and scope, has been completely marginalised. He left a valuable heritage, material and immaterial, which is unknown, forgotten, or disappearing. This thesis contributes to the recognition of his talent and his legacy. We study his life, connecting the biographical path and the political, social and cultural contexts he lived in, with his production and his recurrent need for experimentation and immersion in multiple domains. From his childhood, we highlight the circumstances that defined his sensitivity and artistic propensity. His journey from education in painting to becoming a painter is strongly connected to the Escola Superior de Belas-Artes do Porto, where he was a student and later a professor at the invitation of the director, Carlos Ramos, who saw him as an excellent pedagogue. His time in Mozambique coincided with the last phase of Portuguese colonialism in Africa. His presence in Lourenço Marques is characterized by an irreverent and controversial attitude towards authority and a dazzling multifaceted performance, encompassing his poetic revelation, under the pseudonym João Pedro Grabato Dias. After the independence, he remained in Maputo developing a pioneering project at the university, where he tested lime kilns, biodigesters, solar dryers, adobe buildings, bamboo mills, etc., proving that it was possible to build a new country using Basic Techni ques for the Rational Use of Nature. Disillusioned with the country’s political and economic directions, he returned to Portugal in 1984. Alongside his artistic activity, he found personal fulfilment as a professor of Drawing at the Faculdade de Arquitectura da Universidade do Porto. With a view to decipher the man and artist as a whole, and to demonstrate the articulation between the spatiotemporal contexts and his work, we highlight three key dimensions to understand his own world. His performative personality was subliminally substantiated in two enactments that resulted in two books. In 1972 he managed to publish a manifesto condemning Portuguese colonial policy – As Quybyrycas, written in the Camões style by Frey Ioannes Garabatus. In 1975, he succeeded to get Eu, o Povo, written by an alleged guerrilla fighter Mutimati Barnabé João, to become an ideological booklet compulsory in schools in the post-independence Mozambique. In addition to the poetry, he gave prominence to words in his plastic work and also made it a tool to publicly express his understanding of Art and the condition of an Artist. Finally, we focus on one of his favourite themes: death – appearing in both his poetry and painting. It was the awareness of death that explains the urgency and intensity in his life and work.
URI: http://hdl.handle.net/10362/157453
Designação: Doutoramento em História da Arte, especialidade em Museologia e Património Artístico
Aparece nas colecções:FCSH: DHA - Teses de Doutoramento

Ficheiros deste registo:
Ficheiro Descrição TamanhoFormato 
Rita Baptista Maia Gomes Tese Doutoramento 230411 Web.pdf42,66 MBAdobe PDFVer/Abrir    Acesso Restrito. Solicitar cópia ao autor!


FacebookTwitterDeliciousLinkedInDiggGoogle BookmarksMySpace
Formato BibTex MendeleyEndnote 

Todos os registos no repositório estão protegidos por leis de copyright, com todos os direitos reservados.