A decadência dos EUA e a ascensão da China a potência hegemónica?

Abstract

Após a Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos da América assumiram um papel central na reconstrução da ordem internacional, tendo como pilar a abertura económica, a criação de instituições multilaterais, a cooperação no sector da segurança e os ideais democráticos ocidentais. A atual ordem internacional liberal foi assegurada após o fim da Guerra Fria, dando início ao momento de unipolaridade e possibilitando a liderança de Washington enquanto potência hegemónica mesclando estrategicamente a ordem internacional com os ideais e sistema norte-americano. Contudo, na atualidade é possível verificar o fenómeno oposto, o declínio dos EUA enquanto potência incumbente e a ascensão meteórica de uma potência desafiante, a República Popular da China. Após verificar a polarização social existente em solo americano, foi efetuada uma análise de política externa e económica, os principais pilares da ordem mundial liberal. Através da contextualização teórica e histórica da China, esta dissertação procurou entender a estabilidade interna da potência revisionista e a sua política externa. Foi igualmente analisado o setor da defesa, contrapondo o poderio militar das duas potências em estudo. Por fim, esta investigação analisou o posicionamento dos EUA na Ucrânia e de que modo foi responsável por iniciar o conflito em Donbas (2014), aproximar a Rússia e a China, e subsequentemente tornar a Guerra na Ucrânia (2022) possível. Tudo isto, analisando artigos científicos, declarações governamentais e documentos estratégicos dos Estados em estudo. Esta investigação permitiu perceber que os Estados Unidos da América, através da sua “sobre-extensão estratégica”, foram perdendo o seu poder, polarizando a sua sociedade e afastando-se dos seus aliados, um fenómeno responsável por criar um vazio no sistema internacional, gradualmente preenchido pela República Popular da China. Nesta investigação foi possível verificar que a China encontra-se em conspícua ascensão, tendo suplantando os EUA em diversas regiões do globo e alcançou poder de paridade em setores importantes como o setor militar, económico, tecnológico e diplomático. O estudo de caso elaborado, sobre o conflito previamente referido, permitiu compreender o seu cariz transformativo, ou seja, é responsável por exacerbar a atual transição de poder no sistema internacional, entre a RPC e os EUA.

After the Second World War, the United States of America assumed a crucial role in reconstructing the international order, supported by western democratic ideals, an open economy, creating multilateral institutions and cooperating in the security sector. The current liberal international order was ensured after the end of the Cold War, which generated a unipolar moment and allowed Washington to lead as a hegemonic power by strategically mixing the international order with its ideals and system. Nonetheless, nowadays it is possible to witness the opposite phenomenon, the decline of the United States as the incumbent power and the meteoric rise of a challenging power, the People’s Republic of China. After verifying the social polarization in American soil, an analysis to its foreign and domestic policies (roots of the liberal international order) was made. Through a theoretical and historical contextualization of China, this thesis seeks to understand the internal stability of this revisionist power and its foreign policy. Furthermore, this investigation analyzed the American positioning in Ukraine and in which way it was responsible for creating the conflict in Donbas (2014), approximating Russia and China, and subsequently making the War in Ukraine (2022) possible. All this, analyzing scientific articles, governmental statements, and strategic documents from the States in study. This investigation allowed to understand that the United States of America, through its strategic overextension, lost power, polarizing its society a pushing away its allies, a phenomenon responsible for creating a void in the international system, which was gradually filled by the People’s Republic of China. In this investigation it was possible to verify that China is clearly rising, replacing the US in multiple areas of the globe, and achieving power parity in sectors such as economy, technology, diplomacy, and military. The case study developed, about the conflict previously referred, allowed to comprehend its transformational effect, which means, that it exacerbated the current power transition in the international system, between the PRC and the US.