Utilize este identificador para referenciar este registo: http://hdl.handle.net/10362/116933
Título: Movimentos anti-vacinação: debates online numa rede social
Autor: LÓIA, Carla Filipa Chaves
Orientador: SOUSA, Álvaro de
CRAVEIRO, Isabel
Palavras-chave: Saúde pública
Saúde pública e desenvolvimento
Vacina
Movimentos anti-vacinação
Internet
Facebook
Data de Defesa: 2021
Resumo: A vacinação constitui uma das maiores vitórias da Medicina moderna, permitindo a prevenção de mais casos de doença e morte precoce do que qualquer outro tratamento médico. A maioria dos países representados na OMS apresenta programas nacionais de vacinação estruturados, mais ou menos abrangentes, estimando-se uma redução mundial da mortalidade de cerca de 2,5 milhões de crianças por ano. No entanto, contemporâneos ao aparecimento das vacinas, surgiram os movimentos anti-vacinação. Na atualidade, estes movimentos encontram os seus alicerces num artigo publicado em 1998, na The Lancet, uma conceituada revista científica inglesa, pelo médico Andrew Wakefield, onde se refere pela primeira vez uma possível associação entre a vacina tríplice viral (VASPR) e o autismo. Apesar de esta hipótese ter sido refutada pela comunidade científica, estes e outros casos foram amplamente divulgados na comunicação social, principalmente através da internet, tornando-a no maior veículo de transmissão de informação sobre a vacinação. Na rede de internet mundial há notícia de mais de 400 páginas web na internet, geralmente bem construídas e muito atrativas, onde são expostos argumentos contra a prática vacinal, a maior parte sem qualquer base científica. Este trabalho tem como objetivo analisar os conteúdos difundidos em publicações de páginas do Facebook destinadas a debates sobre a não vacinação. Método: Este é um estudo descritivo e online, no qual foram analisadas todas as publicações realizadas em duas páginas de Facebook dedicadas ao tema dos movimentos anti-vacinação, escritas em português, no período compreendido entre novembro de 2018 e outubro de 2019, as quais foram posteriormente catalogadas de forma a criar um corpus, que foi processado no software IRaMuTeQ e analisado pela classificação hierárquica descendente (CHD). Resultados: Foram analisadas um total de 420 publicações, realizadas por 118 participantes. A análise obtida através da CHD divide os argumentos utilizados pelos participantes das páginas de Facebook em estudo em três classes: na primeira, intitulada de “Vacinas não são eficazes e nós podemos provar”, os participantes alegam que as vacinas não funcionam, que são prejudiciais e debatem sobre os efeitos adversos da vacinação; na segunda classe, “A obrigatoriedade das vacinas é uma medida totalitária para servir interesses económicos” os participantes defendem que as vacinas causam autismo, que estas servem objetivos ocultos contra o interesse público e acusam a existência de censura dos movimentos anti-vacinação; na terceira classe, “Questionar as políticas públicas e ir contra o sistema provará gradualmente que as vacinas são uma ameaça” os participantes debatem sobre o papel dos governantes na vacinação, defendem que foi o saneamento básico o responsável pela erradicação de várias doenças e não as vacinas e declaram que a opção de vacinar ou não é uma questão de liberdade individual. Conclusões: Pudemos perceber que são vários os argumentos utilizados pelos opositores à vacinação, e que são fundamentados por algo que vivenciaram, ouviram, viram ou leram. No entanto, a compreensão e a veracidade dessa fundamentação é questionável.
Vaccination is one of the greatest victories of modern medicine, allowing the prevention of more cases of illness and early death than any other medical treatment. Most of the countries represented in the WHO have structured national vaccination programs, more or less comprehensive, with an estimated worldwide reduction in mortality of around 2.5 million children per year. However, contemporaneous with the appearance of vaccines, anti-vaccination movements emerged. Nowadays, these movements find their foundations in an article published in 1998, in The Lancet, a renowned English scientific journal, by the doctor Andrew Wakefield, where he mentions for the first time a possible association between the triple viral vaccine (VASPR) and autism. Although this hypothesis has been refuted by the scientific community, these and other cases have been widely reported in the media, mainly through the internet, making it the largest vehicle for transmitting information about vaccination. In the world network there are news of more than 400 web pages on the internet, generally well built and very attractive, where arguments against the vaccine practice are exposed, most without any scientific basis. This work aims to analyze the content disseminated in publications of Facebook pages destined to debates about non-vaccination. Method: This is a descriptive and online study, in which all publications made on two Facebook pages dedicated to the theme of anti-vaccination movements, written in Portuguese, between November 2018 and October 2019, which were subsequently analyzed and cataloged in order to create a corpus, which was processed in the IRaMuTeQ software and analyzed by descending hierarchical classification (CHD). Results: A total of 420 publications were analyzed, made by 118 participants. The analysis obtained through the CHD divides the arguments used by the participants of the Facebook pages under study into three classes: in the first, entitled "Vaccines are not effective and we can prove", the participants claim that vaccines do not work, that they are harmful and discuss the adverse effects of vaccination; in the second class, "The requirement for vaccines is a totalitarian measure to serve economic interests" the participants argue that vaccines cause autism, that they serve hidden goals against the public interest and accuse the existence of censorship by anti-vaccination movements; in the third class, “Questioning public policies and going against the system will gradually prove that vaccines are a threat” the participants debate about the role of governments in vaccination, argue that basic sanitation was responsible for the eradication of various diseases, not vacines, and declare that the option to vaccinate or not is a matter of individual freedom. Conclusions: We realized that there are several arguments used by opponents of vaccination, and that they are based on something they have experienced, heard, seen or read. However, the understanding and veracity of this reasoning is questionable.
URI: http://hdl.handle.net/10362/116933
Designação: Mestrado em Saúde Pública e Desenvolvimento
Aparece nas colecções:IHMT: SPIB - Dissertações de Mestrado

Ficheiros deste registo:
Ficheiro Descrição TamanhoFormato 
Tese Mestrado - Carla Filipa Chaves Lóia.pdf1,03 MBAdobe PDFVer/Abrir


FacebookTwitterDeliciousLinkedInDiggGoogle BookmarksMySpace
Formato BibTex MendeleyEndnote 

Todos os registos no repositório estão protegidos por leis de copyright, com todos os direitos reservados.