Faces of the Encounter: Greco-Egyptian Interaction in the Royal Sculpture of the Ptolemaic Period

Abstract

Postcolonial studies have been interested and especially productive in the study of material culture. Postcolonial theory remained, nevertheless, an inadequate explanatory framework for cases where change was neither in its nature nor structure necessarily promoted by the configurations of power relations (colonial or others). This is possibly the case of the change that occurred in royal statuary during the Ptolemaic period. Around the time the postcolonial paradigm was establishing in the Humanities, so too was the Ptolemaic period receiving growing attention. Scholars studying this chronology, during the second half of the twentieth century, however, understood Egypt’s society and culture as a set of impermeable communities/ traditions, coexisting with one another. This interpretation caused a radical turn in the historiography of the period, and left material culture that did not belong exclusively to neither one of the main cultural sets (Greek or Egyptian) largely overlooked, and, later on, underestimated in the debates about interaction. This dissertation takes as a case study the Greco-Egyptian stone sculpture in the round of the male Ptolemaic rulers, looking to further understand these previously underestimated objects. They were not underestimated, however, in the sense that their existence was not acknowledged or analysed, but in the sense that the explanation put forward was not complex enough, nor representative. The authors formulated their interpretations mainly from the point of view of state and elites, outshadowing, thus, other possible realms of agency. The present investigation seeks to propose a different theoretical framework to interpret the existence of Greco-Egyptian statuary of Ptolemaic rulers. Although Ptolemaic Egypt is not understood today as a colonial case, postcolonial studies contributed to this alternative line of interpretation by inspiring a decentralization of the analysis, from the state to other groups. Nevertheless, the major contribution will come from an operational concept – “intericonicity” – and a theory of consumption - taken from material culture studies -, which decentralize the approach, from issues of power to other processes (also) underlying change and interaction.

Os estudos pós-coloniais têm-se dedicado muito particularmente a cultura material e aos seus processos de mudança, e têm-se revelado produtivos a esse respeito. Esta teoria permaneceu, no entanto, uma estrutura explicativa inadequada para casos em que a mudança não parece ter uma natureza ou estrutura necessariamente promovida por relações de poder (coloniais ou outras). Esse é possivelmente o caso da mudança ocorrida na estatuária real do período ptolemaico. Na época em que o paradigma pós-colonial se estabelecia nas Humanidades, o período ptolemaico também recebia crescente atenção. Os estudos sobre essa cronologia, durante a segunda metade do século XX, contudo, entendiam a sociedade e a cultura ptolemaicas como um agregado de comunidades/ tradições em grande medida impermeáveis, coexistindo apenas entre si. Essa interpretação causou uma alteração radical na historiografia sobre o período e deixou a cultura material que não pertencia exclusivamente a nenhum dos principais conjuntos culturais (grego ou egípcio) largamente ignorada e, mais tarde, subestimada nos debates acerca da interacção. Esta dissertação tomou como estudo de caso a escultura em pedra grecoegípcia dos governantes ptolemaicos masculinos, procurando entender melhor esses objectos anteriormente subestimados. Estes objectos não foram, contudo, subestimados no sentido de que a sua existência não foi reconhecida ou analisada, mas sim no sentido de que a explicação apresentada não se revelava suficientemente complexa, ou representativa. Os estudos apresentavam uma interpretação elaborada principalmente do ponto de vista do Estado ptolemaico e das elites, desconsiderando assim outros possíveis domínios de agência. A presente investigação procura por isso propor um enquadramento teórico diferente para interpretar a existência da estatuária greco-egípcia dos governantes ptolemaicos. Ainda que hoje o Egipto ptolemaico não seja entendido como um caso colonial, os estudos pós-coloniais contribuirão para esta linha de interpretação alternativa ao inspirar um descentramento da análise, do Estado para outros grupos. A contribuição maior virá, não obstante, de um conceito operativo – “intericonicidade” – e de uma teoria do consumo - do âmbito de estudos em cultura material -, que descentralizam assim a abordagem, de questões de poder para outros processos que (também) subjazem a mudança e a interacção.