Utilize este identificador para referenciar este registo:
http://hdl.handle.net/10362/94335| Título: | Teatro e Embriaguez: Uma perspectiva da atividade artística a partir de Nietzsche e Artaud |
| Autor: | Rezende, Joana Levi Mortera de |
| Orientador: | Branco, Maria João Mayer |
| Palavras-chave: | Teatro Nietzsche Artaud crueldade, Embriaguez Forças Imitação Teatro |
| Data de Defesa: | 31-Jan-2020 |
| Resumo: | Esta dissertação pretende relacionar o pensamento de Nietzsche sobre a tragédia grega com o
de Artaud sobre o Teatro da Crueldade, essencialmente a partir das obras O Nascimento da
tragédia e O Teatro e seu Duplo. Ao associar conceitos desse filósofo ao pensamento/obra
deste artista, tem-se como objetivo geral pensar o jogo de forças envolvido na criação de uma
linguagem artística, como um campo de intensificação afetiva, ou ainda, como um cultivo da
embriaguez. A primeira parte da dissertação aborda n’O Nascimento da Tragédia, a defesa
nietzschiana de que o acordo dissonante entre as forças opostas dionisíaca e apolínea é
constitutivo da tragédia. Procura-se analisar, então, como essas forças primordiais se
manifestam no corpo enquanto impulsos artísticos imediatos, análogos aos processos da
embriaguez e do sonho. E reflete-se, também, sobre a figura paradigmática do artista trágico,
capaz de jogar com a embriaguez, performar o informe ou representar o irrepresentável.
Ressalta-se ainda que a afirmação nietzschiana da tragédia como campo de intensificação
(dionisíaca-apolínea) opõe-se à invasão da força socrática no palco trágico, isto é, à
representação racionalista que privilegia o entendimento em detrimento do acontecimento. Na
segunda parte da dissertação, a análise sobre as forças postas no nascimento e na morte da
tragédia, abre dois caminhos principais de investigação sobre o teatro artaudiano. Em
primeiro lugar, busca-se analisar em que medida a luta de forças entre crueldade e linguagem
é determinante na concepção do Teatro da Crueldade. Esse campo de luta apresenta-se na
evocação de um teatro cruel capaz de ativar uma linguagem concreta e mágica que se opõe
radicalmente à estética racionalista do teatro moderno burguês. Em segundo lugar, procura-se
abordar de que modo o ator artaudiano joga com essas forças conflitantes. Em O Teatro e seu
Duplo, Artaud enuncia a geração de um corpo duplo, ao mesmo tempo físico e afetivo, que
permite pensar a prática do ator como um cultivo da embriaguez. A análise da dualidade entre
princípios desproporcionais permite, portanto, abordar as relações entre as noções de
embriaguez, sonho e imitação em Nietzsche e as de crueldade, magia e duplo em Artaud. Por
fim, através da análise da peça radiofónica de Artaud, Para acabar de vez com o juízo de
Deus, pretende-se dar a ver o jogo de forças implicado nas propostas do Teatro da Crueldade,
destacando o engendramento do corpo sem órgãos como expressão máxima da luta de Artaud
com a linguagem e como concretização de suas propostas enunciadas em O Teatro e seu
Duplo. This dissertation intends to correlate Nietzsche’s work on Greek tragedy with Artaud’s Theatre of Cruelty, departing primarily from The Birth of Tragedy and The Theatre and its Double. By associating Nietzsche’s philosophy with Artaud’s thought/work as an artist, it is proposed to consider the interplay of forces in artistic language as a field of affective intensification or as cultivation of intoxication. In the first part of this work, we will depart from The Birth of Tragedy, where Nietzsche argues that tragedy is constituted by a dissonant agreement between Dionysian and Apollonian conflictive forces. Departing from this constitutive reading, we will analyse how these primordial forces manifest themselves in the body as immediate artistic impulses, analogous to the process of intoxication and dreaming. We will also reflect on the paradigmatic figure of the tragedy artist, one that is be capable of playing with intoxication, performing the formless or representing the unrepresentable. It will be highlighted that Nietzsche’s affirmation of tragedy as a field of (Dionysian-Apollonian) intensification is opposed to the invasion of tragedy by Socratic forces, there is, a rationalist representation that privileges understanding over the event. In the second part of this research, the analysis of forces convoked by both the birth and death of tragedy will open two main tracks to our investigation on Artaudian theatre. First, we will analyse to what extent the struggle between cruelty and language is decisive to the conception of the Theatre of Cruelty. The evocation of a cruel theatre, one that is able of activate concrete magical language, is radically opposed to a rationalist aesthetics that dominates modern bourgeois theatre. Secondly, we will question the Artaudian actor and how he/she plays with these conflicting forces. In The Theater and its Double, Artaud enunciates the generation of a double body, both physical and affective, which allows one to think the actor's practice as a cultivation of intoxication. This analysis on duality between disproportionate principles allows, therefore, to establish a comparison between Nieztschian concepts of intoxication, dream and imitation, side by side with Artaudian proposals on cruelty, magic and doubles. To conclude, we will address and comment on Artaud's radiophonic play To Have Done With the Judgment of God as practical exposure of The Theatre of Cruelty and The Theatre and its Double’s proposals, generating the body without organs as the ultimate expression of Artaud's struggle with language. |
| URI: | http://hdl.handle.net/10362/94335 |
| Designação: | Filosofia |
| Aparece nas colecções: | FCSH: DF - Dissertações de Mestrado |
Ficheiros deste registo:
| Ficheiro | Descrição | Tamanho | Formato | |
|---|---|---|---|---|
| Dissertação Joana Levi - Teatro e Embriaguez.pdf | 784,52 kB | Adobe PDF | Ver/Abrir |
Todos os registos no repositório estão protegidos por leis de copyright, com todos os direitos reservados.











