Noites de Primavera no Boulevard

Abstract

Surgido na imprensa portuguesa em 1869, o autor fictício Carlos Fradique Mendes, criado inicialmente por Eça de Queirós, Antero de Quental e Jaime Batalha Reis, era, segundo este último, um poeta satânico, que tinha como missão trazer ao conhecimento dos portugueses «a riqueza imensa do moderno movimento de ideias» (Reis, 1896: 460), provocar a sonolenta sociedade portuguesa e acordá-la para a modernidade. Reis acrescenta que Fradique deveria competir com Pöe, Nerval e Baudelaire, explorando «as regiões mais irracionais e insensatas do Espírito» (id.: 461). Tendo em conta a obra de Baudelaire e a modernidade que ela representa, importa-nos mostrar de que modo este primeiro Fradique aborda temas comuns ao autor francês, que globalmente se subordinam ao tema Cidade, experienciada como grande metrópole moderna, mas também como aquele poeta é ele próprio um tema tratado pelo poeta português.