Utilize este identificador para referenciar este registo: http://hdl.handle.net/10362/182310
Título: Problemas de alimentação materno-infantil em meio tropical
Outros títulos: (casos concretos de Angola)
Autor: Nunes, José António Pereira
Palavras-chave: Saúde pública
Nutrição
Obstetrícia
Saúde da mulher
Ultramar
Angola
Data: Jan-1963
Editora: Instituto de Medicina Tropical
Citação: Nunes, José António Pereira (1963) . Problemas de alimentação materno-infantil em meio tropical: (casos concretos de Angola) . Lisboa . Instituto de Medicina Tropical; vol. 20, n.º 1-4, p. 139-169
Resumo: : Estudou-se a alimentação materno-infantil de um vasto grupo humano autóctone de Angola (150 000 indivíduos), chamando-se a atenção para a insalubridade do meio, más condições higiénicas das habitações e indivíduos e pondo em destaque as normas de procedimento que, em consequência das observações feitas e resultados obtidos, devem ser seguidas pelos pediatras e pelos dirigentes a cujos cuidados este grupo está entregue. O estudo da alimentação das mulheres nas suas diferentes situações (normais, grávidas e amamentando) e das crianças desmamadas, dos 2 aos 6 anos, foi feito por inquérito directo, com pesagem dos alimentos consumidos, em cru e depois de preparados, numa amostra (1/30) da população total obtida por sondagem. Noutra sondagem constitui-se a amostra onde se estudou a alimentação das crianças dos 0 aos 2 anos, 54 % das quais em amamentação, utilizando um questionário fixado após ensaios preliminares. Indica-se a distribuição dos indivíduos estudados: I -Totalidade das mulheres: .……………..110………………119 i - Mulheres normais…………..59…………….69 ii - Mulheres grávidas……………………………21 iii - Mulheres amamentando………………..29 II- Totalidade das crianças dos 0 aos 2 anos………………………………..207 i - Crianças dos 0 aos 2 anos em amamentação……………….112 ii - Crianças dos 0 aos 2 anos desmamadas……………………..95 III - Crianças dos 2 aos 6 anos ……………………………………………………..370 Totalidades dos indivíduos estudados …………………………………………619 Os resultados relativos aos grupos I e III são apresentados em: i - Percentagem de adequação; ii - Frequência do aparecimento de cada alimento nas refeições; iii - Consumos diários, em gramas per capita, de cada alimento; iv - Contribuição percentual de cada alimento para o nível das calorias e de cada nutriente. Os resultados do grupo II são apresentados em percentagens referentes a: i - Alimentação ao peito e artificial; ii - Idade do desmame e motivos determinantes; iii - Amamentação a pedido e por horário; iv - Peso médio das mamaduras; v -Alimentação suplementar - características qualitativas e idades em que se inicia; vi - Alimentação de desmame - características qualitativas; vii - Preparação especial para as crianças ou familiar da alimentação suplementar e de desmame - influência do nível económico das famílias. A grande maioria dos resultados foi dada representação gráfica no texto in extenso. Em relação com este tema estudaram-se ainda: (i) a influência da alimentação das grávidas sobre o peso dos recém-nascidos, fazendo-se a análise de 3 936 casos, consoante as raças e 91 upos económicos; e (ii) a incidência, e factones influentes, da malnutrição proteica. Das investigações feitas concluiu-se: 1 - A alimentação das mulheres, qualquer que seja a sua situação, é qualitativamente a mesma. As grávidas diferem todavia no aspecto quantitativo, comendo menos. Esta alimentação é abundante em proteínas animais, ferro e vitamina A, satisfatória quanto às calorias e niacina e deficiente quanto ao cálcio, tiamina, riboflavina e vitamina C. A alimentação das crianças dos 2 aos 6 anos é também do mesmo tipo. 2 - O peso dos recém-nascido não é influenciado pela raça, mas sim através da alimentação, pelo nível económico das famílias. Não é um deficit de proteínas que origina os deficits de peso, como comummente se admite. Estes deverão atribuir-se à falta de outros nutrientes. 3 - As práticas seguidas na alimentação infantil, do nascimento ao desmame, resultam da coexistência e interferência recíproca de tradições regionais e regras mais ou menos actualizadas da puericultura evoluída. O quadro resultante destas duas acções é, nos seus aspectos gerais, o seguinte: - Alimentação ao peito na grande maioria (96 % ) , quase sempre a pedido (81 % ) e com uma idade média do desmame aos 16 meses. Entre os motivos deberminantes de desmame, a hipo- ou agalactia, ao contrário do que acontece nos grupos de bom nível social. só intervém em pequena medida (6 % ), e uma nova gravidez, ao contrário do que comummente se aceita quanto às regiões tropicais, também não tem representação notável (9 % ) . Em compensação, a doença tem importância destacada (22 % ). A alimentação suplementar é iniciado cedo, na maior parte dos casos dos 4 aos 6 meses e em alguns aos 2. O peso médio das mamaduras varia em sentido inverso com esta alimentação suplementar. Na grande maioria dos casos (87 % ) , a alimentação suplementar é especialmente preparada para a criança, devendo-se notar que os rendimentos médios das famílias que assim procedem são mais elevados (202$02) do que o daquelas que tiram tal alimentação da panela comum (177$15). Após o desmame, a preparação especial de alimentos para a criança torna-se rara ( 6% ), evidenciando-'ISe ainda mais as diferenças de nível económico entre os dois grupos (331 $25 e 171$34). O leite de vaca, nuns casos, e o peixe fresco, nos outros, fazem sempre parte dos regimes infantis. 4 - São bastante raros os casos constituídos de malnutrição proteica (3/1000 das hospitalizações). Destaca-se a importância que sobre ela têm, como factores influentes, a separação entre filhos e mães determinada pelo trabalho destas fora do lar e certas medidas dietéticas inadequadas para a correcção da diarreia infantil, tão frequente e de causas tão variadas. Considerados estes resultados e o que se conhece sobre as condições de vida deste grupo humano, termina-se recomendando: 1.º - Que os médicos que cuidam destas populações, os clínicos em geral e os pediatras em particular, favoreçam o desmame tardio. 2.º - Que só aconselhem a alimentação suplementar precoce perante os casos individualizados e abendendo ,ao nível económico, cultural e social das famílias. 3. º - Que considerem que nos grupos humanos subdesenvolvidos o complexo mãe-filho, na sua estrutura psicofisiológica, deverá ser especialmente protegido, ainda mais que nos grupos bem desenvolvidos, O aleitamento a pedido será uma das protecções a fazer. 4.º - Que considerem com maior relevo que nas regiões desenvolvidas, frias e temperadas, os factores nutricionais das diarreias infantis. 5.º - Que promovam junto das classes dirigentes a protecção social das crianças separadas das mães pelo trabalho destas fora do lar.
On a fait l'étude de l'alimentation materno-enfantine chez un vaste groupe humain autochtone de l'Angola (150.000 individus) en attirant l'attention sur l'insalubrité de la région, les mauvaises conditions hygiéniques des maisons et des individus et en mettant en évidence les procédés qui, en conséquence des observations réalisées et des résultats trouvés, doivent être mis en pratique par les pédiatres et les dirigeants chargés de ce groupe-là. L'étude de l'alimentation des femmes dans des diverses situations (normales, enceintes et en; période d'allaitement) et des enfants servés agés de 2 à 6 ans, fut réalisée par une enquête directe, avec pesage des aliments avant et aprês leur préparation, dans un groupe-échantillon (1/ 30) de la population totale acquis par sondage. À l'aide d'une autre sondage un groupe-échantillon s'est constitué ou l'on a étudié l'alimentation chez les enfants de 0 à 2 aos, dont 54% en période d'allaitement, à l'aide d'un questionnaire basé sur des essais préliminaires. Distribution des individus étudiés: I -Totalité des femmes…………………110…………….……..119 i-Femmes normales…………59…………………….69 ii- Femmes enceintes ………………………….…….21 iii- Femmes en période d'allaitement ……..…29 II - Totalité des enfants de 0 à 2 ans i - Enfants de 0 à 2 ans - en allaitement………..112 ii- Enfants de 0 à 2 ans, sevrés ……………………….95 III - Enfants de 2 à 6 ans ………………………….370 Total des individus étudiés ……………………………619 Les résultats concernant les groupes I et III sont présentés par: i - Le pourcentage d'adéquation; ii - La fréquence de présence de chaque aliment au repas; iii - La capitation en grammes et par jour de chague aliment; iv - La contribution de chague aliment - en pourcentage - pour le niveau des calories et de chaque nourrissant. Les résultats du groupe II sont présentés ien pourcentage par rapport: i - À J'allaitement maternel et artificiel; ii - À l'âge du sevrage et raisons qui l'ont déterminé; iii-À l'allaitement sur demande et par horaire; iv - Au poids moyen de chaque allaitement; v - À l'alimentation supplémentaire - ses caractéristique qualitatives et âge initiale; vi - À l'alimentation de sevrage - ses caractéristiques qualitatives; vii - À la préparation spéciale pour les enfants ou familiale de I'alimentation supplémentaire et de sevrage - influence du niveau économique des familles. La plupart des résultats est présentée par des graphiques, dans le texte in extenso. En ce qui concerne theme on a encore fait l’étude de: I – l’influence de l’alimentation des femmes enceintes sur le poids des nouveau-nés, en faisant analyser 3963 cas d’accord avec leurs race et groups économiques, et Ii – L’incidence, et facteurs influents, de la malnutrition protéique. Des investigations faites on doit conclure: 1 – L’alimentation des femmes, quelle que soit leur situation, est qualitativement la même. Cepedant, les enceintes different dans l’aspect quantitative puisqu’ ells mangent moins que les autres. Cette alimentation est abondante en proteins animals, en fer et en vitamin A, est satisfaisante quant aux calories et niacin est déficitaire quant au calcium, à la thiamine, riboflavin et vitamin C. L’alimentation des enfants ages de 2 à 6 ans et aussi du même type. 2 – Le poids des nouveau-nés n’est pas influencé par la race mais il ene st par l’alimentation, d’accord avec le niveau économique de parents. Ce n’est pas un déficit en protéines qui donne origine aux déficits de poids; ceux-ci doivent attribuer à la manque d’autres nourrissants. 3 – Les pratiques suivies pour l’alimentation des enfants dès la naissance au sevrage résultent de la coéxistence et de l’interférence reciproques de traditions régionles et de règles plus ou moins actualisées de la puériculture évoluée. Le cadre qui resulte des ces deux actions-là est, dans son ensemble, le suivant: - allaiitement maternel dans la plupart des cas (96%) presque tujours sur demande (81%) et avec sevrage à l’âge d’environ 16 mois. Parmi les raisons qui déterminent le sevrage, l’hypo – ou l’agalactie, tout au contraire de ce que se vérifie chez les groupes de bom niveau social, n’y interviennent que faiblement (6%) et une nouvelle grossesse, tout au contraire de ce qui, d’une façon générale, est accepté quant aux régions tropicales, n’y a non plus une représentation remarquable (9%). En compensation la maladie marque sa présence d’une façon très accentuée (22%). L’alimentation supplémentaire commence tôt, entre les 4 et les 6 mois dans la plupart des cas et parfois même aux 2 mois. Lepoids moyen de chaque allaitement varie dans le sens inverse, avec cette alimentation supplémentaire. Dans la plupart des cas (87%) l’alimentations supplémentaire est préparée spéciallement pour l’enfant. Cependant, c’est à remarquer que les revenus des familles qu’ainsi procèdent sont plus elevés (202$02) que ceux de celles qui prennent cette alimentation de la marmite pour toute la famille (177$15). Après le sevrage la preparation spéciale des aliments pour l’enfant ne se fait que rarement (6%), ce qui met encore plus enévidence les differences de niveau économique entre les deux groups (331$24 et 171$34). Le lait de vache dans quelques cas, et le poisson prais, dans d’autres, font toujours partie des régimes pour les enfants. 4 – Les cas d’hospitalization par carence en proteins sont peu nombreux (3/1000). C’est remarquable l’importance de cette carence qui a comme facteurs d’influence la separation des enfants de leurs mères, déterminée par le travail de celles-ci hors domiciale et de certaines mesures diétiques malsaines pour correction de la diarrhée enfantine si fréquente et de causes si variées. Ayante en considération ces résultats et ce qui se connait quant aux conditions de vie de ce groupe humain, on termine par recommander: 1 – Que les médecins en charge de ces populations, les cliniciens en général et les pédiatres en particulier, favorisent le sevrage tardif; 2 – Qu’ils ne conseillent l’alimentation supplémentaire precoce que dans des cas individualisés et ayant en considération le niveau économique culturel et social des familles; 3 – Qu’ils considèrent que chez les groupes humains subdéveloppés le complexe mére-enfant dans sa structure psychophisiologique doit être spéciallement protege, encore plus que chez les groupes bien développés. L’allaitement sur demande sera une des protections à prendre; 4 – Qu’ils considèrent avec une plus grandeattention que pour les cas des regions développées froides et temperées, les facteurs de nutrition des diarrhées efantines; 5 – Qu’ils procurant auprès des calsses dirigeantes la protection sociale des enfants separées de leurs mères à cause du travail de celles-ci hors domicile.
We studied the mother-child nourishment of a large human group from Angola (150.000 individuals), with emphasis on the unhealthy environment, the inadequate hygienic conditions of the housing and individuals and we stressed the procuderes which, according to our observations and to the results obtained, should be followed by pediatrists obtained, should be followed by pediatrists and by the officials in charge of that group. The study of the nourishment of the women in yheirs particular conditions (normal, pregnant and nursing) and of the weaned children from 2 to 6 years old was done via direct inquests and by weighing the consumed food, before and after being prepared, in a sample (1/30) from the total population, obtained by a census with another census we achieved a sample from which we observed the nourishment of infants from 0 to 2 years of age, 54% of whom were being breast-fed, by using a question and answer form established after preliminary tests. Distribution of the individuals observed: I – Total of women……………………110……………………………119 i – Normal women…………………59……………..69 ii – Pregnant women…………………………………21 iii – Nursing women…………………………………..29 II – Total of children 0 to 2 years old…………………………….207 i – Breast-fed children 0 to 2 years old……………...112 ii – Weaned children 0 to 2 years old……………….….95 III – Children 2 to 6 years old………………………………………….370 Total of individuals observed…………………………………….619 The results obtained for groups I and III are presented concerning: i – Percentage of adequacy; ii – Frequency of each food in the meals; iii – Daily consumption, in grams per capita, of each food; iv – Percentage of the contribution of each food for the caloric and nutrient levels. The results obtained for group II are presented in percentages concerning: i – Nursing and artificial feedind; ii – Age of weaning nad determining factors; iii – Breast-feeding on demand and according to schedule; iv – Average weight of suckings; v – Supplemental feeding – qualitative characteristics and age in which it begins; vi – Weaning feeding – qualitative characteristics; vii – Special or home-made preparation of the supplemental and weaning feedings according to the economic status of the families. Most of the results have been graphically presented in the text in extenso. Concerning this subject we also studied: (i) the influence of the nourishment of pregnant women of the weight of the just born, vai the observation of 3.936 cases according to race and economic status; and (ii) the incidence and determining factors of the proteinic malnutrition. From the observations performed we conclude that: 1 – The nourishment of the women, indifferently of their sattus, is qualitatively the same. Pregnant women differ quantitatively as they eat less. Their nourishment is abundant in animal proteins, iron ans vitamin A, satisfactory concerning calories and niacin, and inadequate concerning calcium, thiamin, riboflavin and vitamin C. The nourishment of the children from 2 to 6 is also of the same type. 2 – the weight of the just born infants is not influenced by the race but nourishment due to the economic status of the families. Underweight is not caused by a lack of proteins, as it is usually throught. It should be attributed to the absence of other nutrients. 3 – The procedures followed in infant feeding, from birth to weaning age, result from the coexistence and reciprocal interference or regional traditions and more or less up to date rules of puericulture. The picture originated by these two actions is, generally, the following: Breast-feeding in a great majority (96%), almost always on demand (81%) nad with anaverage weaning at 16 months. Among the determining factors for weaning hypo – or agalactia only intervene in a small scale (6%), contrarily to what occurs in groups of a good level, and a new pregnancy also has no remarkable meaning (9%) in opposition to what is commonly assumed for tropical areas. On the other hand, disease plays an outstanding part (22%). Supplemental feeding is initiated early, between 4 and 6 months of age in most cases and at two months in some. The average weight of suckings varies inversely with this supplemental feeding. In most cases (87%), the supplemental food is especially prepared for the infant but we must bear in mind that the income of the families which do so is higher (Esc. 202$02) than the one of the families which draw such food from the common pot (177$15). After weaning, the special preparation of food for the infant becomes uncommon (6%), the economic differences between the two groups becoming more evident (Esc. 331$25 and 171$34). Cow’s milk in some cases and fresh fish in others are always part of the child’s diet. 4 – the cases of prteinic malnutrition are quite rare (3/1000 of hospitalizations). The most influencing factors are the separation of children and mothers since the latter have to work outside the home, and also some inadequate diatetic measures to prevent infantile diarrhea which is often is often due to so different causes. Considering these results and according to what we know of the living conditions of this human group, we recommend: 1 – That the doctors in charge of these populations, particularly the pediatrists, should condone a late weaning; 2 – That they should only advise an early supplemental feeding in individualized cases, according to the ecomic, cultural and social status of the families; 3 – That they consider that in underdeveloped human groups the mother-child complex, in its psycho-physiologic structure, should be specially protected – even more so than in well developed groups. Breast-feeding on demand should be included in such a protection; 4 – That they should pay closer attention to the nutritional factors of infantile diarrheas than they do in a developed, cold and temperate zone; 5 – That they promote, near the ruling classes, the social protection of the infants separated from their mothers due to work outside the home.
Descrição: Contém quadros, gráficos e fotografias.
Peer review: yes
URI: http://hdl.handle.net/10362/182310
Aparece nas colecções:IHMT - 1935-1966 : IMT - Instituto de Medicina Tropical

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