Lentidão e Fantasmagoria: do Slow Cinema ao Slow Terror nos cinemas de Kiyoshi Kurosawa, David Lynch, Manoel de Oliveira e Jordan Peele

Abstract

Slow Horror é um termo que designa um conjunto de filmes de terror. Ao contrário do terror mais comercial, focado no choque, no sangue e no gore, o Slow Horror apresenta narrativas de ritmo lento, uma diminuição da violência gráfica e jump-scares, priorizando o suspense, o desconforto e a tensão. Além disso, o Slow Horror também partilha várias características com outro conceito, o Slow Cinema, como narrativas de ritmo lento, os planos estáticos ou de pouco movimento, ou os planos distantes e a exploração do espaço negativo. Nesta dissertação, é feita uma investigação aprofundada sobre o que define o Slow Horror, identifica-se uma série de convenções e características que permitem explicar o modo como este terror da lentidão provoca o medo e apreensão nos espetadores, para além de se explorar a sua associação com a fantasmagoria, o estranho e o inquietante. A seguir, são apresentados exemplos do Slow Horror em filmografias bastante distintas de cineastas como Kiyoshi Kurosawa, Jordan Peele, David Lynch ou Manoel de Oliveira, e é analisado como estes realizadores aproveitam as particularidades deste terror mais slow para explorar os medos e os traumas vividos pelas suas personagens nos seus filmes.

Slow Horror is a term that designates a group of horror films. Unlike the more commercial horror, focused on shock, blood and gore, Slow Horror presents slow-paced narratives, a reduction in graphic violence and jump-scares, prioritizing suspense, discomfort and tension. Furthermore, Slow Horror also shares several characteristics with another concept, the Slow Cinema, such as slow-paced narratives, static shots or with little movement, or distant shots and the exploration of negative space. In this dissertation, an in-depth investigation is carried out into what defines Slow Horror, a series of conventions and characteristics are identified that allow us to explain how this horror of slowness causes fear and apprehension in spectators, in addition to exploring its association with phantasmagoria, the uncanny and the unsettling. After, examples of Slow Horror are presented in very different filmographies by filmmakers such as Kiyoshi Kurosawa, Jordan Peele, David Lynch or Manoel de Oliveira, and it is analyzed how these directors take advantage of the particularities of this “slower” horror to explore the fears and traumas experienced by their characters in their films.