A vinculação ao corpo. Uma "boleia" fichteana

Abstract

Esta dissertação tem como objetivo, acima de tudo, explorar a problemática do corpo próprio, do facto de nós, seres humanos, virmos ao mundo acompanhados de um corpo com o qual nos identificamos plenamente, na medida justamente em que é o nosso. No entanto, este fenómeno não será abordado na sua totalidade – e a perspetiva segundo a qual vamos analisar este tema é aquela da vinculação, aquela em que nos é dado a ver o corpo próprio como uma fonte de prisão para o próprio sujeito. Este fenómeno é o foco principal deste texto e começá-lo-emos por aí, abrindo o problema com uma pequena menção e análise de uma passagem de Platão. Não obstante, não nos restringiremos a este ponto de vista e executaremos ainda uma análise de duas formas específicas de vinculação que, longe de contradizerem aquela que existe entre eu e corpo, a esclarecem e completam. Estas são abordadas através de Fichte, em especial alguns dos seus textos teóricos e práticos. Como tal, prosseguiremos, após uma Parte 1 introdutória ao tema, a uma Parte 2 principalmente expositiva dos textos deste autor, parte essa que será dividida em duas secções, cada uma correspondente a um dos dois tipos de vinculação acrescidos. Por fim, e feita a análise de todas estas noções, terminaremos o trabalho com uma Parte 3 conclusiva, que procurará juntar todas as pontas soltas e torná-las legíveis em continuidade, permitindo uma associação rápida e próxima das ideias que ao longo do texto foram abordadas. Da mesma forma, esperamos conseguir estabelecer uma ligação entre a passagem de Platão e a Parte 2. Com isto, o objetivo é indicar, acima de tudo, não uma interpretação sólida e resolutiva para o fenómeno de vinculação ao corpo, mas sim a sua inerente complexidade, contraditoriedade e absurdo.

This dissertation aims, above all, to explore the problem of the own body, of the fact that we, human beings, come into the world accompanied by a body with which we fully identify, precisely insofar as it is our own. However, this phenomenon will not be addressed in its entirety, and the perspective from which we are going to analyse this topic is that of attachment, in which we will see our own body as a source of imprisonment for the subject himself. This phenomenon is the main focus of this text, and we will start there, opening the problem with a small mention and analysis of a passage from Plato. However, we will not restrict ourselves to this point of view and will also carry out an analysis of two specific forms of bonding or imprisonment that, far from contradicting the one that exists between me and the body, clarify and complete it. These two are approached through Fichte, in particular through some of his theoretical and practical texts. As such, we will proceed, after an introductory Part 1 to the theme, to a Part 2 mainly expository of the texts of this author, which will be divided into two sections, each corresponding to one of the two types of attachment added. Finally, after analysing all these notions, we will finish the work with a conclusive Part 3, which will seek to gather all the loose ends and make them readable in continuity, allowing a quick and close association of the ideas that have been presented throughout the text. In the same way, we hope to establish a connection between Plato's passage and Part 2. With this, the objective is to indicate, above all, not a solid and resolute interpretation for the phenomenon of attachment to the body, but its inherent complexity, contradiction, and absurdity.