Artistic autonomy for public use

Abstract

O tema central desta dissertação é a interrelação entre a autonomia da arte, os processos de coletivismo, a construção de movimento político, e o modo como a arte estabelece princípios de sentido público em Not An Alternative (NAA), um colectivo norte-americano de arte, ativismo e teoria. A dissertação investiga a presente reformulação da autonomia artística à luz da prática e teoria dos NAA, argumentando que a autonomia da arte se torna evidente em formas de autogoverno colectivo através de processos que se encontram na fronteira entre a arte e a política, através das relações de colaboração e de parceria que, uma vez mutuamente estabelecidas, visam a formação da esfera pública do proletariado na contemporâneidade. O tema da autonomia na arte emerge dos primórdios da disciplina da estética e da sua autonomia durante o século dezoito durante o período do Iluminismo na Europa e o seu percurso pode ser mapeado atualmente em diversas problematizações teóricas sobre a autonomia artística. Esta dissertação delimita vetores teóricos de referência de modo a organizar esta indagação, assumindo-a como uma questão que diz respeito a um sentido de autogoverno colectivo e também ao estabelecimento estratégico de modos que resistem à assimilação e transformação neoliberal da produção cultural, a qual a transformam em puras relações de mercado de capital.

De modo a analisar e contextualizar a dimensão contemporânea da autonomia artística no corpo de prática dos NAA, em contextos de arte e ativismo, avant-garde, militância e radicalismo, os primeiros dois capítulos mapeam a base histórico-filosófica do conceito de autonomia artística. Neste sentido a dissertação aborda as principais fissuras da teoria filosófica da autonomia da estética ocorridas durante os séculos dezoito, dezanove e vinte, e fornece uma análise das práticas de avant-garde no Construtivismo, na fase inicial do período da revolução Soviética. A dissertação problematiza e contextualiza a distinção contemporânea entre a autonomia da estética e a autonomia da arte no âmbito de uma das principais fissuras histórico-filosóficas de caráter Adorniano/Marxista na associação da arte às esferas social, económica e política. Neste sentido discute a arte em relação directa com as esferas sociais e políticas, trabalho e utilidade pública. A dissertação analisa o modo de fazer o bem comum na teoria e prática dos NAA, no que respeita ao seu uso da linguagem simbólica e a sua relação estratégica de proximidade com movimentos sociais e políticos. A dissertação também discute o envolvimento dos NAA em estratégias de contra-visualização do Antropoceno, em estreita colaboração com a comunidade Indígena Lummi Nation. A práxis dos NAA é contextualizada dentro da recente teorização sobre o comunismo, noções de avant-garde e de arte radical e militante.

The central theme of this dissertation is the relation between the autonomy of art to the processes of collectivity, the building of political movement, and the use of art in the creation of publicness by the North American art, activism and theory collective, Not An Alternative (NAA). It investigates the present re-articulation of artistic autonomy in light of NAA’s practice and theory by arguing that the autonomy of art is evidenced in forms of collective self-governance though processes that engage the boundaries between art and politics through the mutual relations of collaboration and partnership in the formation of a contemporary proletarian sphere.

The theme of autonomy in art emerges from the origins of aesthetics and aesthetic autonomy during the 18th century of the Enlightenment period in Europe and can be charted to the present time in contemporary and diverse theoretical problematisations of artistic autonomy. This dissertation delimits theoretical vectors of reference in order to organise the problematisation of artistic autonomy as collective self-government and as an actual strategic mode of resisting the neoliberal assimilation and transformation of cultural production into market relations of production and consumption.

In order to analyze and contextualize the contemporary dimension of artistic autonomy related to the contexts of art and activism, avant-garde, militancy and radicalism as embodied by the practice and theory of NAA, the first two chapters map out an historical philosophical base of the concept of artistic autonomy. In this sense the dissertation addresses major philosophical rifts in the theory of aesthetics and its autonomy during the 18th, 19th and 20th centuries and provides an analysis of the avant-garde practices of the Constructivists in the early stages of the Soviet revolution. The dissertation problematises and contextualises the contemporary distinction between the autonomy of aesthetics and the autonomy of art within a major historical philosophical rift associated with the Adornian Marxist relation between art and the social economical and political spheres. In this sense it discusses art in direct connection to the social and political spheres, its relation to labour and processes of public utility. The dissertation analyses NAA’s practice and theory of commonality, their use of symbolic language and their strategic close relationship with social and political movements. It also discusses their engagement in strategies of counter visualising the Anthropocene, in close collaboration with the Indigenous Lummi Nation. Their praxis is contextualised within recent theorisation of communism, the avant-garde, radical and militant art.