Utilize este identificador para referenciar este registo:
http://hdl.handle.net/10362/152411
Título: | DO FLUXUS AOS NOVOS MÉDIA: Mapeamento da intermedialidade nas artes (em Portugal) |
Autor: | Pina, Sónia da Silva |
Orientador: | Cascais, António Fernando Friedman, Ken |
Palavras-chave: | Media Fluxus Comunicação Memória Intermedia Expanded-Arts Network Intersemiótica Design Infoestética Mapeamento Anarquivo Intersemiotics Mapping Info aesthetics Anarchive Memory |
Data de Defesa: | 7-Jun-2022 |
Resumo: | Esta investigação partiu do pressuposto Derrideano de que, na margem, há sempre outras histórias que ficaram por contar. À medida que o tempo passa, o nosso olhar dilata-se perante os novos factos e horizontes que se abrem, os novos conceitos e metodologias. Nessa linha, esta tese relança, sob um olhar decifratório, uma releitura das noções de “artes intermedia” e “artes expandidas” – tomados aqui como equivalentes – realizada a partir da network artística “Fluxus”, fundada formalmente em 1962 por George Maciunas. Essa releitura é convocada a partir de uma nova proposta epistemológica. O Fluxus Internacional foi retratado pela história como movimento, nova vanguarda (e/ou segunda vanguarda), e como anti-arte. No entanto, o seu traço distintivo foi justamente o questionamento dos cânones estéticos dominantes. Um dos seus principais interlocutores, Dick Higgins, conceptualizou-a como “network” e como “intermedia”, alargando o seu âmbito conceptual além do enquadramento histórico, visão que contribuiu para que se tornasse imprescindível inovar metodologicamente acerca deste fenómeno singular na arte (ou artes) que se formam na intersecção entre disciplinas. Na qualidade de ser “intermedia”, a arte “Fluxus” posiciona-se na margem dos movimentos, a partir de zonas cinzentas de classificação e num campo expandido das artes. Desde então, a moldura de análise diacrónica revelou-se insuficiente para compreender o espectro das “artes expandidas” impondo-se a necessidade de um novo enquadramento conceptual e metodológico. Apoiada numa episteme, que se pretende inovadora, forjada a partir dos estudos de comunicação, semiótica e media, esta investigação trilha uma revisitação interdisciplinar ao Fluxus Internacional, revisitando-o no quadro dos estudos de intermedialidade e estudos dos media. Num segundo momento, interroga a presença da arte Fluxus em Portugal, a partir de cinco casos de estudo e de informação inédita recolhida de arquivos de artistas, designadamente de Ernesto de Sousa/Isabel Alves e António Barros/Rui Órfão. Os cinco casos de estudos foram selecionados entre os protagonistas, no período visado, de várias acções/intervenções artísticas que marcaram o circuito da arte em Portugal e que são, por isso, incontornáveis, designadamente Ernesto de Sousa, Wolf Vostell, António Barros, Túlia Saldanha e Ernesto de Melo e Castro. Da recolha desta informação, constituiu-se um “anarquivo” ao que se intitulou de “Correspondências” e que está apenso a esta tese. Os registos encontrados permitiram atestar das ligações à comunidade artística do Fluxus internacional, tanto de facto como conceptuais. Complementarmente, foi reutilizado material (anexos 6 a 12) recolhido em ocasiões anteriores, para projectos de produção dos artigos sobre os artistas, e que estão listados no final desta tese (anexo 13), e no âmbito da dissertação de mestrado. Foi, igualmente, levada a cabo uma ampla revisão da literatura nacional e internacional sobre a temática, também esta oriunda de diferentes campos disciplinares: filosofia, estudos literários, estudos de intermedialidade, semiótica, estudos dos média, ciência da informação, ciências da comunicação e história da arte. Esta óptica teórico-metodológica permitiu desocultar novos pontos de confluência entre artistas, conceitos, linguagens utilizadas, e as conexões afectivas. Na análise e leitura dos arquivos, foram contemplados os aspectos sincréticos e intersemióticos dos artefactos produzidos, convergências, indícios e correspondências entre artistas – entre outros referentes lexicais que abarcam na leitura - além do contexto histórico -, a sincronia de conceitos novos que incorporou, como são exemplo o “happening”, a “poesia visual” ou a “música concreta”, que estavam agregadas, por seu turno, em torno das noções de “arte vida”, “arte-atitude”, “arte-participação” e “network”. Com recurso a esta episteme baseada numa semiótica da conexão, procedeu-se ao mapeamento do Fluxus Internacional, na busca dos contributos desta “network” e de eventuais contágios conceptuais em Portugal. Ao se rastrear as marcas do Fluxus em Portugal, crê-se estar a contribuir para a produção de um roteiro inédito e de um locus teórico passível de ser utilizado quer por quem trabalha em arte - em particular, em arquivos de artista -, quer pelos diferentes agentes que se dispõem em torno das “artes expandidas”. Há igualmente a expectativa de que o estudo seja contributo para o (re)enquadramento classificatório das “artes expandidas” a partir dos estudos de comunicação e dos media, devolvendo assim um novo valor conceptual e científico de eventual interesse para a delimitação de um campo ‘indisciplinar’ da criação artística como “campo expandido”, que esteve na génese de um pensamento pré-tecnológico que se desenvolveu a partir das práticas artísticas da pós-modernidade. Em sumula, e na esteira da formulação de Didi-Huberman sobre a memória como atlas e da crítica de Dagognet ao museu como memória, esta tese inscreve-se num plano de abordagem baseado no retorno à origem dos protocolos infoestéticos contemporâneos, procurando retirar contributos certamente válidos para o enquadramento de um novo campo de reflexão inscrito em comunicação, artes e design, que se intersectam com os aspectos de registo, documentação e memória. This research started from the Derridean assumption that, on the margins, there are always other stories that are untold. As time passes, our gaze expands before the new facts and horizons that open up to the new concepts and methodologies. In this line, this thesis relaunches, under a critical deciphering look, a reinterpretation of the notions of “intermediate arts” and “expanded arts” – taken here as equivalents – carried out from the “Fluxus” artistic network, formally founded in 1962 by George Maciunas. This re-reading is convened from a new methodological perspective. Fluxus art has been portrayed by history as a movement, a new avant-garde and/or a second avant-garde, and as anti-art. However, its distinctive feature was precisely the questioning of prevailing aesthetic canons. One of its main theoretical interlocutors, Dick Higgins, conceptualized it as a “network” and as an “intermedia”, expanding its conceptual scope beyond the historical framework, which made it essential to innovate methodologically about these occurrences in art or in the art that form at the intersection of disciplines. As “intermedia”, “Fluxus” art started to define itself from gray areas of classification in an expanded plane of the arts. Since then, the framework of diachronic analysis has proved to be insufficient to understand the spectrum of “expanded arts” and a new conceptual and methodological framework emerges. Supported by an episteme forged from the studies of communication, semiotics and media, this investigation follows an interdisciplinary revisitation of Fluxus International, reconceptualizing it within the framework of intermediality studies and media studies. Secondly, it interrogates the presence of Fluxus art in Portugal, based on five case studies and unpublished information collected from artist archives, namely Ernesto de Sousa/Isabel Alves and António Barros/Rui Órfão. The five case studies were protagonists, in the period in question, of various artistic actions/interventions that marked the history of art in Portugal, and which are, therefore, unavoidable, namely Ernesto de Sousa, Wolf Vostell, António Barros, Túlia Saldanha and Ernesto by Melo and Castro. From the collection of this information, a, “anarchive” was created which was called “Correspondences” and which is attached to this thesis. The records found made it possible to prove the connections to the international Fluxus artistic community, both in fact and in concept. In addition, material (annexes 6 to 12) collected on previous occasions was reused for projects to produce articles about the artists, which are listed at the end of this thesis (annex 13), and within the scope of the master thesis that preceded this one. An extensive review of the national and international literature on the subject was also carried out, also from different disciplinary fields: philosophy, literary studies, intermediality studies, semiotics, media studies, information science, communication sciences and art history. This theoretical-methodological approach allowed uncovering new points of confluence between artists, concepts and languages used, in addition to affective connections. In the analysis and reading of the archives, the syncretic and intersemiotic aspects of the artifacts produced, convergences, indications and correspondences between artists were considered - among other lexical references that include in the reading, in addition to the historical context, the synchrony of notions that it incorporated, such as “happening”, “visual poetry” or “concrete music”, which, in turn, were aggregated around the notions of “art-life”, “art attitude”, “art-participation” and “network”. Using this episteme based on a semiotics of connection, the International Fluxus was mapped, in the search for contributions from this “network” and possible conceptual contagions in Portugal. By tracking the Fluxus prints in Portugal, we believe to be contributing to the production of an unprecedented script and a theoretical locus that can be used both by those who work in art and, in particular, in artist archives, and by different agents that are displayed around the “expanded arts”. There is also the expectation that the study will contribute to the classifying and reframing of the “expanded arts” based on communication and media studies, thus returning a new conceptual and scientific value of possible interest to the delimitation of artistic creation as an “expanded field” that was at the genesis of a technological thinking that developed from postmodern artistic practices. In summary, and in the line of Didi-Huberman's formulation of memory as an atlas and Dagognet's critique of the museum as memory, this thesis is part of an approach plan based on the return to the origin of contemporary infoesthetic protocols, seeking to draw contributions that are certainly valid for the framing of a new field of reflection inscribed in communication, arts, and design, which intersect with aspects of registration, documentation and memory. |
URI: | http://hdl.handle.net/10362/152411 |
Designação: | Doutoramento em Ciências da Comunicação, especialidade em Comunicação e Artes |
Aparece nas colecções: | FCSH: DCC - Teses de Doutoramento |
Ficheiros deste registo:
Ficheiro | Descrição | Tamanho | Formato | |
---|---|---|---|---|
DO FLUXUS AOS NOVOS MÉDIA_TesePhD_Spina.pdf | 8,95 MB | Adobe PDF | Ver/Abrir Acesso Restrito. Solicitar cópia ao autor! |
Todos os registos no repositório estão protegidos por leis de copyright, com todos os direitos reservados.