O Bobo e o Alquimista: Deformidade Física e Moral no Corte de D. João III

Abstract

Posicionando-se na intersecção entre história cultural e das mentalidades, teratologia e estudos sobre deficiência, esta dissertação de Mestrado em História Moderna e dos Descobrimentos, intitulada O Bobo e o Alquimista: Deformidade Física e Moral na Corte de D. João III, tem como tema o estudo da deformidade moral (espiritual, comportamental) e da deformidade física (corpórea, fisiognomónica) no contexto cortesão do século XVI português. Para o efeito, analisam-se os casos de António de Gouveia, alquimista (deformado moral), e João de Sá Panasco, ex-escravo, negro e bobo da corte (deformado físico) de D. João III. No circunscrito cosmos cortesão português do Renascimento, estas duas personagens familiarizaram-se com o poder, alcandorando-se a restritas esferas de influência, mas somente a específica deformidade de uma delas – a deformidade moral – consistiu num obstáculo epistemológico que confluiu na sua erradicação.

At the convergence of cultural history and the history of mentalities, monster studies (teratology) and disability studies, this Master’s dissertation in Early Modern History, titled The Jester and the Alchemist: Physical and Moral Deformity in the Court of King D. João III, focus on the theme of moral deformity (spiritual, behavioral) and physical deformity (bodily, physiognomonic) in the Portuguese court context of the 16th century. For this purpose, we investigate the cases of António de Gouveia, an alchemist (morally deformed), and João de Sá Panasco, former slave, black and court jester (physically deformed) of king D. João III. In this circumscribed Portuguese courtier cosmos of the Renaissance, these two characters became familiar with power, reaching to restricted spheres of incluence, but only the specific deformity of one of them – the moral deformity – consisted of an epistemological obstacle that converged in his eradication.