Biografias na Morte

Abstract

Para compreender a morte no passado é necessário contextualizá-la no tempo e no espaço, enquadrando-a em termos culturais, sociais e económicos. A estas dimensões associa-se uma outra, a biológica, expressa nos restos humanos esqueletizados. Esta última permite explorar a relação entre a biologia e o ambiente. Revisita-se o Hospital Real de Todos os Santos, na Lisboa do século XVIII, através do estudo de um espaço funerário improvisado num antigo corredor de circulação do hospital, desactivado. Neste contexto singular foram identificadas nove sepulturas, contendo os vestígios osteológicos de 18 indivíduos. Esta análise de cariz interdisciplinar, que considera novas problemáticas e várias soluções interpretativas, justifica a necessidade da ampla contextualização dos indivíduos e confere uma nova dimensão à história desta instituição. To understand death in the past it is necessary to contextualize it in time and space, framing it in cultural, social and economic terms. Another dimension can be added to these, a biological one expressed through skeletonized human remains, which allows one to explore the relation between biology and environment. Here we revisit the Royal Hospital of All Saints (18th century Lisbon), through the study of a burial ground improvised in an erstwhile circulation corridor, and nine graves containing the remains of at least 18 individuals. This interdisciplinary analysis considers new problems and a variety of interpretive solutions, justifying the broad contextualisation of the individuals and conferring a new dimension to the history of this institution.