Autoinvestigação como caminho para a libertação: mulheres disruptivas e o cinema documental brasileiro

Abstract

Essa pesquisa se trata de um mergulho interior expresso em manifestação artística. A subjetividade emerge buscando relações entre feminismos e o cinema documental contemporâneo feito por mulheres no Brasil. É por meio da autoinvestigação que busca-se a libertação de padrões opressores. Ela acontece em três etapas: autoconsciência, auto valorização e autoexpressão. Observa-se, então, esse caminhar em diversas criações realizadas por múltiplas mulheres. Plurais, reconhecem suas histórias, afirmam suas existências e lutam para transformar seus futuros. A pesquisa em torno das expressões subjetivas de mulheres parte dos feminismos das Américas, para então questionar o espaço delas na história da arte. No campo do cinema, observa-se um silêncio histórico, mas também uma florescência de filmes realizados por mulheres, especialmente documentários subjetivos brasileiros. Nestes, debruçamo-nos a fim de traçar relações entre autoinvestigação e a busca pela libertação. Esse caminho é refletido na seleção dos filmes realizados por brasileiras negras e indígenas: Pensador (2020), de Yane Mendes; Fartura (2019), de Yasmin Thayná; Travessia (2017), de Safira Moreira; Nhemonguetá Kunhã Mbaraete (2020), de Graciela Guarani, Michele Pataxó, Patrícia Ferreira, e Sophia Pinheiro. Ao longo da pesquisa, são citados mais de cem filmes realizados por mulheres e mais de trinta autoras, demonstrando o grande movimento de mulheres que se autoinvestigam em busca da libertação.

This research is about an inner dive manifested through artistic expression. Subjectivity emerges looking for relation between feminisms and contemporary documentary cinema made by women in Brazil. It is through self investigation that liberation from oppressive patterns is sought. It takes place in three stages: self-awareness, self-worth and self-expression. This path is intrinsic in several creations made by multiple women. Plurals, they recognize their histories, assert their existence and struggle to transform their futures. This research about the subjective expressions of women starts from the feminisms of the Americas, and then questions their place in art history. In the field of cinema, there is a historical silence, but also a flourishing of films made by women, especially subjective Brazilian documentaries. In these, we look for relations between self investigation and the search for liberation. This path is reflected in the selection of films made by black and indigenous Brazilian women: Pensador (2020), by Yane Mendes; Fartura (2019), by Yasmin Thayná; Travessia (2017), by Safira Moreira; Nhemonguetá Kunhã Mbaraete (2020), by Graciela Guarani, Michele Pataxó, Patrícia Ferreira, and Sophia Pinheiro. Throughout the research, more than one hundred films made by women and more than thirty authors are cited, demonstrating the great movement of women who investigate themselves in search of liberation.