A deambulação enquanto práxis surrealista: uma poética da errância em Nadja

Abstract

A deambulação pode ser pensada como um método muito singular de ser e estar no mundo. Os caminhos que tomamos diariamente acabam por tornar-se meios de elaboração da nossa relação com a cidade em que vivemos, com as pessoas que convivemos e nós mesmos. Qualquer “acidente” ou mudança de trajeto ao longo desses caminhos pode transformar o curso de nossas vidas para sempre, o que os surrealistas sempre intuíram e expressaram de forma bastante consciente. É graças à generosidade do acaso, ou do chamado hasard objectif, que André Breton tem a oportunidade de conhecer Nadja e de escrever sua obra tão emblemática. Esta dissertação propõe-se explorar, a partir de alguns marcos da tradição literária e filosófica, as modalidades e o papel da errância em Nadja como prática surrealista por excelência no acesso das questões mais importantes da existência humana.

Wandering around can be thought of as a very unique method of subjectivity. The paths we take on a daily basis turn into ways of improving our relationship with the city where we live in, the people we live with and even with ourselves. Any “accident” along these paths could change the course of our lives forever and the surrealists were well aware of that. Thanks to generosity of chance, or the so-called hasard objectif, André Breton has the opportunity to meet Nadja and write such an emblematic novel. This dissertation aims to investigate the role of wandering and its utilization in Nadja as a surrealist practice par excellence to assess the most important issues of human existence.