Utilize este identificador para referenciar este registo: http://hdl.handle.net/10362/129343
Título: Estudo in vitro dos mecanismos da neuroinvasão e neurodisseminação do HIV
Autor: FERREIRA, Rita Margarida Gonçalves
Orientador: PEREIRA, José Miguel Azevedo
CALADO, Ana Marta Carvalho
CUNHA, CELSO
Palavras-chave: Ciências biomédicas
Biologia molecular
Data de Defesa: 2021
Resumo: Atualmente, observa-se que indivíduos infetados pelo vírus da imunodeficiência adquirida (HIV), mesmo sob terapêutica antirretroviral, apresentam comorbilidades como é o exemplo da demência. Através da compreensão dos mecanismos de infeção e disseminação do HIV no Sistema Nervoso Central (SNC) poder-se-á esclarecer o aparecimento destas comorbilidades em que ocorre degeneração neuronal, designados no seu conjunto por distúrbios neurocognitivos associados ao HIV (HAND). Atualmente ainda não estão claramente definidos os mecanismos de neuroinvasão, mas o mais consensualmente aceite é a Hipótese do Cavalo de Tróia. Este mecanismo defende que o HIV infeta monócitos e linfócitos T CD4+ ao nível do sangue periférico e atravessa a barreira hematoencefálica (BHE), uma membrana permeável imprescindível na manutenção da homeostase do SNC, sem ser detetado, sob a forma de provirus integrado no genoma destas células. Uma vez no SNC, o HIV é capaz de infetar várias células, nomeadamente macrófagos perivasculares, micróglia e astrócitos. Alguns estudos indicam que estas células podem ser consideradas reservatórios virais por permitirem a integração do genoma viral no genoma celular e, em fases mais avançadas da infeção, permitirem a propagação da mesma no SNC. A disseminação do HIV no SNC ocorrerá através de proteínas virais e mediadores inflamatórios do hospedeiro (citocinas e quimiocinas), associados à toxicidade neuronal e consequente declínio cognitivo, libertados pelas células infetadas. Com a finalidade de contribuir para o esclarecimento desta questão é fundamental compreender como influencia e decorre a comunicação e interação entre monócitos, linfócitos T CD4+, macrófagos perivasculares, micróglia, astrócitos e células neuronais. Pelo que, no presente trabalho, realizaram-se ensaios de infecciosidade usando células do SNC, mantendo-se as células dadoras e células alvo em cultura em contacto ou separadas por uma membrana (sistema transwell). Foram também realizados ensaios de infecciosidade por exposição de micróglia e astrócitos a secretomas produzidos por linfócitos T CD4+, macrófagos, micróglia e astrócitos infetados com diferentes isolados primários de HIV-1 e HIV-2. De forma geral, os resultados demonstraram que as células infetadas não se comportam da mesma forma para todas as estipes primárias, independentemente do tipo de HIV. Além disso, demonstraram também que o HIV é capaz de infetar micróglia e astrócitos independentemente da ausência ou da baixa expressão do receptor CD4. No que diz espeito aos astrócitos, sugere-se o seu papel como reservatórios da infeção. Os ensaios de infecciosidade entre micróglia e astrócitos demonstram que a neurodisseminação é favorecida pelo contacto entre células, independentemente das estirpes. Contudo, observa-se que a separação de células por membrana não é impeditiva da infeção, havendo situações em que a infeção é favorecida. Os ensaios de infecciosidade de micróglia e astrócitos expostos aos diferentes secretomas, na presença e ausência de inibidores de entrada, sugerem que a infeção poderá estar a ser mediada não só por partículas virais mas também por componentes presentes nos secretomas produzidos pelas diferentes populações celulares. Considerando os resultados obtidos, o próximo passo passará então por analisar os componentes dos secretomas que evidenciaram atividade de RT na presença de inibidores de entrada.
Currently it is observed that individuals infected by the human immunodeficiency virus (HIV), even under antiretroviral therapy, present comorbidities such as dementia. The understanding of the mechanisms of HIV infection and dissemination in the Central Nervous System (CNS), could clarify the development of these comorbidities in which neuronal degeneration occurs, designated as a HIV-associated neurocognitive disorders (HAND). The neuroinvasion mechanism is not yet clearly defined, but among the proposed mechanisms the most accepted is the Trojan Horse Hypothesis. This mechanism propose that HIV infects monocytes and CD4+ T lymphocytes present in peripheral blood and crosses the blood brain barrier (BBB), a permeable membrane essential in maintaining CNS homeotase, without being detected, in the form of provirus integrated into the genome of these cells. Once in the CNS, HIV can infect several cells, including perivascular macrophages, microglia and astrocytes. Some studies describe that these cells can be considered viral reservoirs because they allow the integration of the viral genome into the cell genome and, in more advanced stages of the infection, allow the spread of the virus in the CNS. The spread of HIV in the CNS will occur through viral proteins and host inflammatory mediators (cytokines and chemokines), associated with neuronal toxicity and consequent cognitive decline, released by infected cells. To contribute to the clarification of this issue, it is essential to understand how to influence the communication and interaction between monocytes, CD4+ T lymphocytes, perivascular macrophages, microglia, astrocytes and neuronal cells. Therefore, in the present work, infectiousness tests were performed between CNS cells, keeping the culture of donor cells and target cells in contact, or separated by a membrane (transwell system). Infectiousness assays were also performed by exposure of microglia and astrocytes to secretomes produced by CD4+ T lymphocytes, macrophages, microglia and astrocytes infected with different primary isolates of HIV-1 and HIV-2. In general, the results showed that infected cells do not behave in the same way for all primary strains, regardless of the type of HIV. In addition, they also demonstrated that HIV could infect microglia and astrocytes regardless of the absence or low expression of the CD4 receptor. Regarding astrocytes, their role as reservoirs of infection is suggested. The infectiousness assays between microglia and astrocytes show that neurodissemination is favored by cell contact, regardless of the strain used. However it was observed that separation of cells by membrane is not preventing infection, and there are situations in which the infection is favored. The infectiousness assays of microglia and astrocytes exposed to different secretomes, in the presence and absence of entry inhibitors, suggest that the infection may be mediated by viral particles and/or by components present in the secretomes produced by the different cell populations. Considering the results obtained, the next step will be to analyze the components of the secretomes that showed RT activity in the presence of entry inhibitors.
URI: http://hdl.handle.net/10362/129343
Designação: Dissertação apresentada para cumprimento dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Ciências Biomédicas, especialidade em Biologia Molecular Saude Tropical e Internacional
Aparece nas colecções:IHMT: MM - Dissertações de Mestrado

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